RIO - O diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale, Luciano Siani Pires, disse nesta terça-feira, 12, que "qualquer microanomalia" identificada nas barragens à montante da companhia em Minas Gerais pode "deflagrar distúrbios". A resposta foi dada após ser questionado, em entrevista coletiva, sobre a possibilidade de remoção de moradores, funcionários e estruturas da própria mineradora de áreas de impacto em barragens de maior risco.
"O apetite para risco está muito menor. Qualquer microanomalia pode deflagrar distúrbios", disse. "Nosso foco tem sido certificar que a mancha no entorno das barragens (áreas que podem ser atingidas) está livre de risco", completou.
De acordo com Siani, embora no fim de semana a companhia tenha deflagrado um processo de remoção de moradores da área de impacto da barragem de Laranjeiras, no município de Barão de Cocais (MG), a empresa entende que a estrutura é segura. "A Vale entende que Laranjeiras não oferece risco", disse. Ele afirmou, ainda, que a mineradora manterá o esforço para liberar a utilização da barragem, que está suspensa pela Justiça, mas é essencial para operação da mina de Brucutu.
Documentos anexados pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) na ação civil pública contra a mineradora mostram que pelos menos outras cinco estruturas tinham avaliação de risco e impacto até maior que o da barragem I da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho. A estrutura rompeu em janeiro e matou ao menos 165 pessoas.
Segundo o diretor, no entanto, todas as outras estruturas já estão inativas, exceto a de Laranjeiras. "A companhia pretende se comportar de maneira exemplar em todos os aspectos dessa tragédia", afirmou.