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Força Nacional chega a Roraima para reforçar segurança no Estado

Primeiro avião da FAB desembarcou por volta das 12h20 no horário de Brasília (10h20 em Boa Vista) e foi recebida pelo secretário de Justiça e Cidadania

Por Cyneida Correia
Atualização:

BOA VISTA - O voo com integrantes da Força Nacional chegou à Base Aérea de Boa Vista no início da tarde desta terça-feira, 10, para reforçar a segurança nos presídios do Estado.

Militares não devem substituir agentes penitenciários no interior dos presídios Foto: Rodrigo Sales/Folha de Boa Vista

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O avião modelo Hercules da Força Aérea Brasileira (FAB) desembarcou na capital roraimense por volta das 12h20 no horário de Brasília (10h20 no horário local) com 63 homens e mulheres a bordo. A previsão é de que à tarde uma segunda aeronave chegue ao Estado.

Os homens trouxeram 5 toneladas de equipamentos e foram recebidos pelo secretário de Justiça e Cidadania de Roraima, Uziel Castro. "Vamos nos reunir hoje à tarde para especificar as missões e atuações dos agentes dentro e fora dos presídios", disse.

O avião modelo Hercules da FAB desembarcou na capital roraimense por volta das 12h20 no horário de Brasília (10h20 no horário local) Foto: Rodrigo Sales/Folha de Boa Vista

A medida faz parte do auxílio do governo federal ao Estado que solicitou reforço na segurança do sistema penitenciário após a morte de 46 detentos nos últimos quatro meses em rebeliões nos presídios.

Os militares da Força Nacional foram recebidos em Boa Vista pelo secretário de Justiça e Cidadania de Roraima, Uziel Castro Foto: Rodrigo Sales/Folha de Boa Vista

Os homens não deverão substituir agentes penitenciários dentro das cadeias, mas reforçarão a segurança do entorno, podendo dar apoio às barreiras, ajudar na recaptura de fugitivos, escolta e guarda de presos que eventualmente precisem se deslocar para algum tribunal, por exemplo.

O governo de Roraima também pediu mais R$ 9 milhões em recursos, armas e munições e a transferência de oito líderes de facção criminosa para presídios federais. Hoje, 18 detentos integrantes de facções criminosas no Estado estão em presídios federais.

MASSACRE EM MANAUS Um sangrento confronto entre facções no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus, deixou 56 mortos entre a tarde de 1º de janeiro e a manhã do dia 2. A rebelião, que durou 17 horas, acabou com detentos esquartejados e decapitados no segundo maior massacre registrado em presídios no Brasil - em 1992, 111 morreram no Carandiru, em São Paulo. Treze funcionários e 70 presos foram feitos reféns e 184 homens conseguiram fugir. Outros quatro presos foram mortos no Instituto Penal Antonio Trindade (Ipat), também em Manaus. Segundo o governo do Amazonas, o ataque foi coordenado pela facção Família do Norte (FDN) para eliminar integrantes do grupo rival, o Primeiro Comando da Capital (PCC). 

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Cinco dias depois, o PCC iniciou sua vingança e matou 31 detentos na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (PAMC), em Boa Vista, Roraima. A maioria das vítimas foi esquartejada, decapitada ou teve o coração arrancado, método usado pelo PCC em conflitos entre facções. Com 1.475 detentos, a PAMC é reduto do PCC, que está em guerra contra a facção carioca Comando Vermelho (CV) e seus aliados da FDN. Roraima tem 2.621 presos - 900 dos quais pertenceriam a facções, a maioria do PCC. No total, 27 facções disputam o controle do crime organizado nos Estados.

A guerra de facções deixou o sistema penitenciário em alerta, os e governadores de Amazonas, Roraima, Rondônia, Acre, Tocantins, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul pediram ajuda do governo federal com o envio da Força Nacional. Amazonas foi o primeiro Estado a receber. A crise é tamanha que, segundo o Conselho Nacional de Justiça, são necessários R$ 10 bilhões para acabar com déficit prisional no País.