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Fórum foi 'blindado' após ocupação, mas tensão permanece

Apesar da densa malha policial nos arredores do prédio, servidores que não aderiram à greve temem entrar para trabalhar

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Por Fausto Macedo
Atualização:

O Tribunal de Justiça praticamente blindou o Fórum João Mendes, no centro da cidade, alvo de ocupação dos grevistas há duas semanas. "O fórum tem dois momentos distintos, antes e depois da ocupação", observa o juiz Fausto José Martins Seabra, diretor do João Mendes e titular da 21.ª Vara Cível. Ele destaca que, apesar da densa malha policial nos arredores do prédio de 22 andares, muitos funcionários que não aderiram à greve têm receio de entrar para o trabalho. "Grevistas jogaram moedas e chamaram de pelego quem não parou", relata Seabra. "A pressão é enorme. O clima é de muita tensão, embora o número de grevistas seja bastante reduzido."O TJ estima que a paralisação não atinge nem 10% dos 45 mil servidores em todo o Estado. Líderes dos servidores sustentam que em muitos fóruns e comarcas o índice de adesão bate em 50%. No João Mendes, anota Seabra, "os funcionários aos poucos estão retornando ao trabalho". Segundo ele, em seu cartório apenas 3 de 26 funcionários estão ausentes. Mas existe cartório em que apenas o diretor, o oficial maior e um oficial de Justiça marcam presença.Seabra explicou que o TJ, para evitar o colapso na distribuição de certidões, prontamente deslocou o serviço para outros fóruns.Marcio Kayatt, ex-presidente da Associação dos Advogados de São Paulo, atesta que encontrou expediente "tranquilo"no fórum, na quinta-feira. "Existe vara em que, com greve ou sem greve, o atraso é generalizado. Os cartórios que já não funcionam bem parecem piores e os que funcionam continuam funcionando."Os servidores sustentam que nos últimos oito anos sofreram perdas que superam 35%. Na praça do fórum distribuem planilhas que mostram a queda do poder aquisitivo ? em junho de 1998 um escrevente ganhava o equivalente a 10,3 salários mínimos: este ano, o contracheque equivale a 5, 4 mínimos.

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