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Fotógrafo do Estado relata agressão em delegacia

Filipe Araújo levou pontapés na perna e socos no estômago, além de ter seus aparelhos de rádio e celular roubados

Por Agencia Estado
Atualização:

Pautado para cobrir uma apreensão de cigarros contrabandeados, na madrugada de hoje, o fotógrafo do Estado, Filipe Araújo, de 26 anos, chegou ao 3º Distrito Policial de Diadema por volta das 2h30, onde encontrou o repórter Evandro Geraldine, de 32 anos, e o cinegrafista Renato Svezia, de 33 anos, da Rede Bandeirantes. Araújo e Svezia começaram a fazer imagens do ônibus clandestino onde foram encontradas 330 caixas de cigarros contrabandeados, de onde um grupo de sacoleiros retirava a mercadoria pelas janelas. "Uma senhora começou a reclamar", disse Filipe. "Respondi que não queríamos prejudicar ninguém, só estávamos fazendo imagens da mercadoria". Na seqüência, um homem disse a Svezia que, se fosse filmado, jogaria as caixas contra eles. "Então eu vou te filmar", respondeu o cinegrafista. Nesse momento, começou uma briga. "Acho que havia quatro caras e todos vieram para cima. Depois apareceram outros, tinha muita gente batendo no cinegrafista, que caiu no chão e foi chutado e pisoteado", disse Araújo, que também foi agredido. "Eles me levaram para um canto, mas eu consegui ficar de pé. Levei pontapés nas pernas e socos no estômago, mas não estou com hematomas". Já Svezia teve mais ferimentos. Ele faria um exame de corpo de delito hoje. A cena foi assistida por três policiais militares que nada fizeram. Foram duas policiais, que estavam do outro lado da rua, que socorreram os jornalistas. "Duas policiais femininas vieram apartar a briga", contou Araújo. Os equipamentos dos jornalistas foram apreendidos. "Minha câmera ficou uma hora presa. A do cinegrafista, que ficou destruída, ainda está lá". Depois da agressão, Araújo verificou seu equipamento e notou que estavam faltando seu celular e seu aparelho de rádio, que ficavam guardados no mesmo bolso. "Comecei a procurar pelo chão e peguei um telefone emprestado para ligar para o meu e tentar localizá-lo. Quando chamava, não atendiam e desligavam". Araújo, então, chamou o delegado Leonardo José Piccirillo e disse que havia sido roubado durante a briga. Piccirillo respondeu que não podia fazer nada, pois não poderia revistar aquelas pessoas. Foram três horas de buscas pelos aparelhos, até que o delegado aceitou conversar com os agressores. Um deles, Erivaldo Jurema Rocha, de 32 anos, disse ter "acabado de encontrar o rádio" e devolveu o aparelho ao delegado, que classificou o ato como de "boa fé". O fotógrafo pediu que o delegado fizesse um boletim de ocorrência do furto de seus pertences, mas Piccirillo queria classificar o caso como perda. Depois de muita discussão, o delegado classificou a ocorrência como furto. O telefone celular ainda não foi recuperado. "O celular sumiu mesmo. E o delegado fez pouco caso", disse Araújo, que ficou na delegacia até as 10 horas desta manhã. José Aparecido Bezerra, de 48 anos, foi o único detido, pelo crime de contrabando. Todos os agressores ficaram livres.

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