PUBLICIDADE

Fracassa leilão do Hotel Nacional no Rio

Por Agencia Estado
Atualização:

Ainda não foi desta vez que a Superintendência de Seguros Privados (Susep), liquidante da Interunion Capitalização S.A., conseguiu vender o Hotel Nacional, um dos maiores do Rio, que serviria para pagar parte da dívida do grupo de Arthur Falk. Depois de um acordo com a prefeitura do Rio, que embargou há dois anos a primeira tentativa de venda, a Susep levou o hotel a leilão por R$ 79,2 milhões, mas nenhuma oferta foi feita, apesar da casa cheia. "O mercado de hotéis no Rio não está bom, há oferta suficiente de quartos", avaliou o liquidante da Interunion, Sebastião Pinto, descartando a hipótese de preço alto. A avaliação do hotel, que tem 510 quartos em uma área construída de 79,4 mil metros quadrados, foi feita pela Caixa Econômica Federal (CEF). "Vamos tentar negociar uma redução e preço. A avaliação tem o objetivo único de preservar os acionistas", disse o advogado Paulo Viana, que representa os principais acionistas da Interunion, os grupos GBB e Iucap. O hotel está fechado desde 1995 e teve momentos importantes na vida cultural do Rio. Sediava exposições, peças de teatro, shows e eventos como o Free Jazz. Pelos seus corredores, já passaram astros do porte de Michael Jackson, Liza Minelli e B.B. King. Foi comprado pelo Interunion em 1996, depois da falência de sua proprietária, a Hotéis e Turismo Guanabara S.A. A empresa de Arthur Falk pagou R$ 16 milhões e contratou o escritório do arquiteto Oscar Niemeyer, projetista do hotel, para reformas. A Interunion, porém, seguiu o caminho dos antigos proprietários do hotel e entrou em processo de falência em 1998, com um rombo de R$ 240 milhões nas contas do Papa Tudo, título de capitalização que tinha como principal divulgadora - e uma das sócias - a apresentadora de televisão Xuxa. A Susep interveio e decretou liquidação extra-judicial. Falk teve sua prisão decretada por gestão fraudulenta. Agora, a Susep, espécie de Banco Central do mercado segurador, tenta vender os ativos para pagar os credores, dentre eles os portadores de mais de 300 milhões de títulos do Papa Tudo. Sebastião Pinto não quis definir uma nova data para leiloar o hotel. "Podemos vender antes outros ativos de menor valor, como apartamentos e imóveis comerciais", adiantou. O escritório do leiloeiro Alcir da Costa, que receberia 5% de comissão pela venda (cerca de R$ 4 milhões em caso de preço mínimo), garante que houve manifestações de interesse de grandes grupos hoteleiros, como Hilton, Marriot e Meliá. O advogado Paulo Viana acredita que um preço menor atrairá concorrentes. Os acionistas da Interunion tentam convencer a Susep a promover um chamamento de credores, para ter uma dimensão real do tamanho do rombo. "Muitos dos portadores de títulos não vão aparecer, outros perderam os títulos. Acreditamos que a dívida real seja de cerca de R$ 100 milhões", calculou.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.