
05 de junho de 2009 | 07h30
O governo francês lamentou nesta sexta-feira a notícia de que uma peça içada do Oceano Atlântico não pertencia ao Airbus que fazia o voo AF 447, acidentado na madrugada de segunda-feira. Em uma entrevista à rádio francesa RTL, o secretário francês de Transportes, Dominique Bussereau, disse que a revelação é uma "má notícia". "É evidentemente uma má notícia. Teríamos preferido que fosse do avião e que tivéssemos informações", disse Bussereau.
Mas ele rejeitou a sugestão de que as autoridades brasileiras tenham se apressado ao relacionar a peça à aeronave. "Os brasileiros estão aportando uma ajuda de grande valor. Não é o caso de criticar aquelas e aqueles que estão conosco irmanados na dor", disse o secretário, reagindo à sugestão do entrevistador de que as autoridades brasileiras teriam sido "levianas".
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As autoridades brasileiras informaram que uma peça de madeira de 1,2 m retirada do mar na quinta-feira na verdade não pertencia ao Airbus. A Aeronáutica descartou essa possibilidade porque a aeronave não continha esse material. A informação de que os destroços encontrados no oceano a cerca de 700 quilômetros de Fernando de Noronha eram do Airbus da Air France havia sido dada pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim.
Para Bussereau, a prioridade das buscas deve ser encontrar as caixas pretas, ou seja, os registros de dados. "O tempo está contra nós. Precisamos fazer de tudo para recuperar os registros de voo e portanto ampliar a zona para dar prosseguimento às buscas."
Nos últimos dias, as autoridades francesas têm pedido "cautela" na divulgação de informações sobre o acidente. "As autoridades francesas dizem há vários dias que é preciso ser de uma extrema prudência (nas investigações)", ressaltou o secretário de Transportes francês Bussereau nesta sexta-feira.
Velocidades incoerentes
As declarações do secretário francês foram dadas horas antes de a agência francesa que investiga o acidente divulgar que havia uma "incoerência" nas informações de velocidade medidas pelos aparelhos do avião. Em um comunicado à imprensa, o Centro de Investigações e Análises (BEA, na sigla em francês) afirmou que é possível estabelecer, "a partir da avaliação das mensagens automáticas transmitidas pelo avião, uma incoerência das diferentes velocidades medidas".
A aeronave possui diferentes aparelhos para mensurar a velocidade, e os investigadores disseram que havia "uma incoerência entre essas velocidades". Ainda segundo o comunicado, a investigação permite confirmar que o avião voava em uma zona de forte tempestade no momento em que teria ocorrido o acidente.
A nota diz que "esses são os únicos elementos estabelecidos" e pede que se evitem "todas as interpretações apressada ou especulação".
Na quinta-feira, o diretor do BEA, Paul-Louis Arslanian, afirmou que "qualquer pista sobre o desaparecimento do avião no Oceano Atlântico é "prematura".
"Há um exagero de informações, em todas as direções, que são mais ou menos verdadeiras, mais ou menos validadas com extrapolações e tentativas de explicações", afirmou.
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