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Fraude fiscal motivou morte de assessor parlamentar

Por Agencia Estado
Atualização:

A Polícia Civil de Minas Gerais apresentou na tarde de hoje dois acusados de participar do assassinato do funcionário da Assembléia Legislativa do Estado, Jair Olímpio Júnior, de 45 anos, envolvido em um milionário esquema de vendas de notas fiscais frias a empresas multinacionais com representações em Minas. Com a prisão dos suspeitos, a polícia descartou a hipótese, apresentada anteriormente, de que o assassinato do assessor parlamentar teria sido motivado pela disputa da sindicância de um condomínio residencial na capital mineira. O servidor assassinado seria um "laranja" de um esquema que há cerca de dez anos vem fraudando a Receita Estadual em pelo menos R$90 milhões mensais. O cabeça do esquema seria o empresário Evandro de Paula Torquette, de 44 anos, preso na noite de ontem, acusado de ser o mandante do crime. A polícia chegou ao empresário depois de descobrir um depósito bancário no carro de Jair, no valor de R$ 20 mil, em nome da empresa Ferrum Ltda., de propriedade dos sócios, com "sede" em Bocaiúva, Norte do Estado, teoricamente dedicada ao ramo de beneficiamento de minerais não-metálicos. "Para se ter uma idéia, na contabilidade da Ferrum, encontramos notas fiscais de compra e venda em nome da Belgo Mineira", revelou o delegado Leandro Almada da Costa, da Divisão de Crimes contra a Vida (DCcV), responsável pelo o inquérito do assassinato. Mas, há pouco mais de um ano, Torquette teria deixado de repassar ao assessor parlamentar as comissões sobre as notas frias. Jair Olímpio, então, em dificuldade financeira, pois tinha um salário de apenas R$ 400 na Assembléia Legislativa, e já acostumado a receber altas comissões, de acordo com o valor de cada nota fiscal falsa emitida, passou a levantar valores lançados na contabilidade da Ferrum e montou um dossiê, no final de 2003, contendo informações sobre a movimentação entre a empresa fantasma e as multinacionais envolvidas na fraude. Jair foi morto com um tiro na cabeça no dia 31 de março em um estacionamento de um supermercado, em Belo Horizonte. Além de Torquette, o taxista Charle Barbosa Martins, de 31 anos, suspeito de transportar os pistoleiros que atiraram no assessor parlamentar, também foi preso. A polícia procura ainda Wander Luiz Fernandes, secretário de Torquette, que ficou encarregado de contratar o taxista, e outros dois pistoleiros.

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