A frota de veículos do Estado cresce mais no interior e na Baixada Santista que na capital. Além de São Paulo, há 11 municípios paulistas com frota superior a 200 mil veículos - eram cinco em 1998. Nas "capitais regionais" de Campinas, Santos e Sorocaba, os congestionamentos e as limitações do transporte público são desafios que já entraram na agenda das administrações municipais. Bilhete único, restrições a caminhões e garagens subterrâneas, projetos lançados na capital nos últimos anos, começaram a ser adotados por essas prefeituras. Um levantamento feito pelo Estado, com base em dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-SP) e da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), mostra que o interior registrou, entre 2000 e 2008, crescimento maior em todas as modalidades de veículos, em comparação com São Paulo. Entre janeiro de 2000 e setembro de 2008, o número de carros licenciados fora da capital paulista passou de 12.425.781 para 18.495.820 - um crescimento de 32,84%. No mesmo período, na capital, o crescimento foi de 22,3% - eram 4.948.139 veículos em 2000 e agora são 6.270.651. Para Jurandir Fernandes, presidente da Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano (Emplasa), a vantagem do interior é poder observar as medidas adotadas em São Paulo e se antecipar na adoção de políticas preventivas. "Duas medidas que já podem ser adotadas em cidades de médio porte são a proibição do estacionamento de veículos em espaços nobres e a mudança de terminais de ônibus de regiões centrais para os bairros", defende. "Não podemos permitir que um carro fique o dia inteiro parado em uma vaga no centro." O número de ônibus também cresceu mais no interior. Em janeiro de 2000, eram 96.828 coletivos; agora são 121.148 - um aumento de 25,1%. Na capital, o crescimento foi de 14,6% - de 36.241 para 41.521. O interior também bate a capital em registros de caminhões: crescimento de 16,2%, ante apenas 0,5% entre os paulistanos. Até em relação às motos São Paulo, onde existem 300 mil motoboys, perde para o interior, onde o crescimento foi de 58,7% entre janeiro de 2000 e setembro deste ano, com as motos em circulação indo de 1.383.499 para 3.351.321. Na capital, em período igual, a variação foi de 348.098 para 729.458, um crescimento de 52,3%. "Na maioria das cidades do interior, dois terços das viagens são feitas com veículos próprios, enquanto na capital esse número não passa da metade", observa o engenheiro de Trânsito e professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) Jaime Waisman. "Ainda é um orgulho para as cidades menores esse grande crescimento da frota, mas a população não se deu conta de que está dormindo com o inimigo." Waisman acredita que o fato de o interior apresentar ruas estreitas, principalmente nas regiões centrais, contribui para os congestionamentos. COLABOROU RENATO MACHADO