Fumo em cena de teatro é liberado

Governo do Estado de São Paulo recua e permite que os atores fumem durante as interpretações das peças

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Por Redação
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A Secretaria de Estado da Justiça informou ontem que o cigarro será permitido em peças de teatro, quando o personagem interpretado for fumante. Ainda que haja "concessão artística para o fumo", a plateia não poderá usar qualquer produto fumígeno durante o espetáculo. O entendimento do governo é que "o fumo em cena é irrelevante do ponto de vista de prejudicar as outras pessoas". Anteriormente, a posição da gestão estadual era outra, de que seria exigida autorização para atores e atrizes fumarem no palco A polêmica veio à tona durante o fim de semana, quando, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o ator Antônio Fagundes afirmou que iria "peitar a lei (antifumo)", por entender que a proibição do fumo feria a liberdade da arte. Fumante na vida real e prestes a interpretar um dependente da nicotina na peça Restos, Fagundes conseguiu que o governo paulista recuasse da ideia original de exigir pedido prévio, via Justiça, para o fumo "artístico" Segundo a Secretaria de Justiça, até o momento não há nenhum pedido de produções teatrais para fumar em cena. A proposta atual, diz o governo, é analisar durante os primeiros meses de aplicação da legislação - que começa a multar estabelecimentos infratores a partir de sexta-feira - qual é o comportamento do consumidor com a liberação do fumo em peças. Se for avaliado como necessário, mais para frente a publicidade dos espetáculo terá de informar os espectadores, no estilo "esta peça utiliza o fumo em cena". Diretor da companhia de teatro Satyros, Rodolfo García Vázquez não avalia o "fumo real" como imprescindível no teatro. "Aceitar fumo em locais públicos é um retrocesso. A base do teatro é convenção, o que não limita o trabalho do artista. Um incêndio, por exemplo, não utiliza fogo de verdade. Para fazer um bêbado em cena eu não tomo um litro de vodca", compara Vázquez, que afirma ainda que, em conversa com Serra, há um mês, o governador já teria dito que a norma não afetaria o teatro. Já Fernanda D?Umbra, uma das atrizes da peça Confissões de Mulheres de 30, que reestreia em São Paulo na sexta-feira, bem na data em que entra em vigor a lei antifumo, festejou o recuo governamental. "O cigarro é indispensável na composição de um personagem que fuma", diz. "Se o texto pede, é um direito do personagem." PRIMEIRO MINUTO A partir do primeiro minuto da sexta-feira, a lei antifumo começará a acarretar multas - de R$ 792,50 a R$ 1.585 - aos bares, restaurantes, casas noturnas, empresas e shoppings que não eliminarem o cigarro em ambiente interno. Fumódromos também ficam proibidos. A promessa do governo é que à 0h01, os fiscais estarão nas ruas.

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