Funcionários de Taubaté amedrontados com PCC

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Por Agencia Estado
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Obrigados a conviver com os principais líderes do Primeiro Comando da Capital, o PCC, alguns funcionários da Casa de Custódia de Taubaté, no Vale do Paraíba, dizem que têm medo deles. Referindo-se às últimas transferências de líderes do PCC para a Casa de Custódia, funcionários que trabalham no presídio há mais de cinco anos afirmam: "Desde a rebelião acontecida em Taubaté em dezembro do ano passado, as coisas pioraram pro nosso lado. Agora, aqui virou reduto do PCC". Alguns chegaram a mudar seus hábitos e até temem sair de casa sozinhos. "Todas as vezes que tenho que sair, peço pra alguém me acompanhar. Minha família também tem medo, vivem me fazendo recomendações. Às vezes penso que estou sendo perseguida na rua", relatou uma mulher que trabalha no presídio. "Se o PCC decidir matar alguém para mostrar força ao governo, seremos os primeiros", acrescentou. "Nosso medo não é dentro do presídio e sim fora, onde não temos nenhuma segurança". Questionados sobre supostas torturas alegadas pelo PCC para pedir o retorno ao Carandiru, os servidores negam: "Lá não há tortura, nem física, nem mental. Eles (os presos) não querem ficar isoladas em celas separadas. É isso que eles chamam de tortura". Os líderes foram transferidos da Casa de Detenção do Carandiru para a Casa de Custódia no dia 16 de fevereiro, dois dias antes da megarrebelião. No mesmo domingo, a polícia encontrou dois celulares e armas na cela de Idemir Carlos Ambrósio, o Sombra, um dos líderes do PCC. A polícia suspeita que ele tenha comandado as rebeliões da própria cela. Além de Sombra, permanecem na Casa de Custódia os supostos líderes do movimento Jonas Mateus (que teria liderado a rebelião na Custódia em dezembro do ano passado), Flávio Aparecido Silva, Orlando Mota Júnior e Edmir Vollet. Na semana passada, seis detentos da Penitenciária de Pirajuí e outros dois do Carandiru foram transferidos para Taubaté de madrugada. As transferências assustam os funcionários. "Nós temos medo de morrer". Diferentemente da maioria dos funcionários, o diretor da Casa de Custódia, José Ismael Pedrosa, disse não ter medo de ameaças. Na madrugada da última sexta-feira, um homem armado tentou entrar em sua casa, que fica próxima à penitenciária. Ao ouvir um barulho, o diretor comunicou à portaria do presídio. Policiais que fazem a ronda no local dispararam um tiro, e o homem fugiu por um matagal. Mesmo assim, o diretor afirmou não acreditar em ameaças. "Não creio que alguém tenha tentado invadir minha casa. Outras vezes pessoas foram encontradas neste parque". Até o dia 10 de março, o Sindicato dos Agentes Penitenciários do Vale do Paraíba estará percorrendo os presídios de Taubaté e Tremembé para tentar conseguir o apoio dos diretores nas reivindicações que fazem ao Estado. Uma delas é mais segurança.

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