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Funcionários roubavam doações na Igreja do Bonfim

Por Agencia Estado
Atualização:

Sete funcionários da Igreja do Bonfim, o templo católico mais famoso de Salvador, foram presos hoje depois de confessarem que vinham roubando o óbulo (cofre das doações) há mais de dez anos. Jaílson Gomes Bispo, Carlos Sena Souza, Jorge Ferreira dos Santos, Jurandir Ferreira dos Santos, Manoel Messias Gomes, Luís Martins e André Luís Silva Lima usavam um arame para retirar as cédulas pelo orifício do cofre onde os milhares de fiéis que visitam a igreja mensalmente depositavam as doações, agradecendo ao santo as graças alcançadas ou contribuindo nas inúmeras campanhas feitas pela Irmandade de Senhor do Bonfim para a manutenção do templo construído no século 18 e tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico, Artístico Nacional (Iphan). Para a delegada Dirce Ribeiro, da 3ª Delegacia de Polícia de Salvador que descobriu o roubo, os ladrões disseram que nas sextas-feiras, dia de maior visitação devido ao culto a Oxalá, o orixá do candomblé com quem Senhor o Bonfim é sincretizado, cada um tirava do óbulo entre R$ 400 e R$ 500. Alguns dos funcionários trabalhavam no local como zeladores, faxineiros e guias há 16 anos, mas não se disseram arrependidos pelo fato de subtrair dinheiro da igreja do santo mais querido dos baianos. Segundo a delegada, os diretores da Irmandade do Bonfim, que cuida e administra o templo, já desconfiavam dos roubos há muito tempo, mas nunca quiseram chamar a polícia para investigar. No entanto, na semana passada um empresário procurou a irmandade para doar R$ 10 mil em dinheiro. Como a greve dos bancos impediu que o tesoureiro depositasse a importância na conta da irmandade, ele decidiu colocar as cédulas no cofre do óbulo. Quando o tesoureiro abriu o cofre para pegar os R$ 10 mil, notou a falta de R$ 3.210,00. Depois disso, os membros da irmandade resolveran dar queixa na polícia, situada bem abaixo da Colina do Bonfim. Acusados responderão processo em liberdade "Quando nós percebemos que o cofre não foi arrombado passamos a investigar os funcionários e descobrimos que um deles, Jailton, que ganha salário-mínimo havia comprado eletrodomésticos na sexta-feira no valor de mais de R$ 1 mil à vista", contou a delegada Dirce. Ao ser convocado para esclarecer o assunto, Jailton confessou o roubou e denunciou os colegas. Apesar da confissão os sete foram liberados depois de prestarem depoimento já que a prisão não foi em flagrante e está em vigor a Lei Eleitoral que só permite prisões em flagrante. Eles vão responder pelos crimes de roubo e formação de quadrilha em liberdade. Tradicionalmente a Igreja do Bonfim é a que recebe o maior volume de doações entre os templos católicos baianos. Além de dinheiro, sempre foi costume os fiéis doarem alfaias para ornarem as imagens de santos. O maior riqueza da igreja, contudo, é o conjunto de quadros dos pintores José Theófilo de Jesus, Antonio Franco Velasco e Bento Capinam, todos do século 19.

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