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Gabeira pedirá quebra de sigilo bancário para chegar à origem do dinheiro

Assim como a Polícia Federal, a CPI admite a hipótese de utilização de laranjas nas operações de saques

Por Agencia Estado
Atualização:

Um levantamento do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) mostra que entre os dias 10 e 15 de setembro, ou seja, nos cinco dias que antecederam a prisão dos petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha no Hotel Ibis, com R$ 1,75 milhão, foram realizados 87 saques em espécie acima de R$ 100 mil em agências do BankBoston, Safra e Bradesco nos estados do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, São Paulo e Rio de Janeiro. O levantamento, requisitado pelo relator de sistematização da CPI dos Sanguessugas, Carlos Sampaio (PSDB-SP), mostra que a maioria das retiradas foi feita em agências dos três bancos em São Paulo (55) e Rio de Janeiro (29). Há um saque originário de uma agência do Bradesco no Mato Grosso e dois de agências também do Bradesco no Mato Grosso do Sul. O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), integrante da comissão, afirmou nesta segunda-feira que vai apresentar um requerimento, junto com Sampaio, pedindo a quebra do sigilo bancário dos 87 saques. Caso seja aprovada pela CPI, a quebra permitirá a remessa dos dados sobre os titulares das contas sacadas, os valores dos saques e nome dos sacadores. "O universo de saques não é tão grande. É possível investigá-lo", diz Gabeira. Gabeira também vai defender que a Polícia Federal repasse à CPI os levantamentos já realizados a partir da quebra de sigilos telefônicos e bancários, bem como informações sobre o andamento das apurações a respeito da compra do dossiê contra a administração tucana no Ministério da Saúde. "É preciso dar outro rumo às investigações. No meu entender, elas estão no pântano", afirma Gabeira. No relatório enviado à CPI o Coaf também informa que, até o momento, não localizou saques ou pedidos de provisão para retirada em espécie em nome de pessoas físicas ou jurídicas que surgiram no noticiário como supostos envolvidos, fato que, para integrantes da CPI, não chega a surpreender. Assim como a Polícia Federal, a CPI admite a hipótese de utilização de laranjas nas operações de saques. A comissão deve retomar os trabalhos nesta semana. Há pelo menos 200 requerimentos represados, aguardando quorum para serem votados. Entre eles, há uma lista de pedidos apresentados pelo senador Romeu Tuma (PFL-SP) no sentido de convocar para depor os ex-integrantes do comitê de campanha do presidente Lula, Jorge Lorenzetti, Oswaldo Bargas e o ex-assessor da campanha do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), Hamilton Lacerda, além de Gedimar Passos e Valdebran Padilha, entre outros. Mais de 650 sigilos telefônicos Em Cuiabá, o delegado que presidente as investigações sobre a compra do dossiê, Diógenes Curado Filho, requisitou ontem à Justiça a quebra do sigilo dos cadastros de mais 650 números telefônicos identificados nas análises dos telefonemas dados pelos envolvidos nos dois meses que antecederam a prisão de Gedimar e Valdebran. O cadastro traz as informações a respeito do proprietário da linha telefônica investigada. Até o momento, Curado trabalha com 70 quebras de sigilo, parte delas relativas a dados cadastrais e parte referente aos chamados extratos telefônicos, que trazem a relação de todas as chamadas feitas e recebidas pelo titular da linha. Nesse último caso se enquadram as quebras de sigilo telefônico de Gedimar, Valdebran e Hamilton Lacerda, entre outros suspeitos de envolvimento. O levantamento resultante da quebra dos sigilos telefônicos será cruzado com o banco de dados das operações financeiras já nas mãos da Polícia Federal. A PF já tem em seu poder as informações sobre os saques em reais acima de R$ 10 mil ocorridos em agências do Bradesco, Safra, BankBoston e Banco do Brasil e todos os saques em 24 casas de câmbio e agências de turismo que receberam o lote de US$ 15 milhões originário do banco Sofisa.

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