Depois de 20 dias escondido no Amazonas, o garçom e suplente de vereador Walter de Oliveira Mafra, de 42 anos, entregou-se à Justiça de Porto Ferreira, a 270 quilômetros de São Paulo. Em três horas de depoimento, ele confirmou a existência da rede de exploração sexual de menores na cidade do interior paulista, chefiada por empresários e políticos denunciados pelo Ministério Público Estadual. Mafra acrescentou cinco novos nomes à lista de exploradores, entre eles o do prefeito André Luís Anchão Braga, (PSDB), de 34 anos. O prefeito negou a acusação. "Isso é uma inverdade." O Ministério Público determinou a instauração de um novo inquérito policial para apurar o envolvimento dos novos denunciados. O garçom confirmou que os seis vereadores - entre eles o presidente da Câmara, Luís César Lanzoni (PTB) - bancavam as festas e mantinham relações sexuais "ou pelo menos atos libidinosos" com as menores de 11 a 16 anos. As meninas recebiam entre R$ 20 e R$ 50. Lanzoni, único parlamentar foragido, se entregou hoje à polícia de Descalvado. Ele confirmou que as orgias aconteciam durante os churrascos e feijoadas promovidos em chácaras alugadas ou de propriedade dos acusados e de conhecidos. O garçom diz ter sido contratado como cozinheiro. As despesas eram rateadas entre os convidados. "Sou garçom, ganho R$ 380 por mês, mais comissões. Não tenho dinheiro para bancar churrasco", disse Mafra. "Estou me apresentando espontaneamente para mostrar minha dignidade. Estão acusando pessoas inocentes."