Garota de 9 anos é morta em casa

Morador de rua, que já havia recebido comida da família, foi preso; vítima tinha sinais de abuso

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Por Evandro Fadel e CURITIBA
Atualização:

A menina Lavínia Rabech da Rosa, de 9 anos, foi encontrada morta, provavelmente por asfixia, no fim da noite de sábado, dentro de casa, na Vila Esperança, periferia de Curitiba. O acusado do crime, o morador de rua Mariano Torres Martins, de 45 anos, foi encontrado pela mãe da menina dormindo embaixo da cama da vítima - e quase foi linchado por vizinhos ao tentar fugir. A Secretaria de Segurança Pública informou que, preliminarmente, há sinais de violência sexual. Se isso for confirmado pelo laudo do Instituto Médico-Legal, que deve ficar pronto em 30 dias, será o terceiro caso de estupro de criança seguido por homicídio nos últimos dez dias no Paraná. Segundo Jéferson dos Santos, tio-avô de Lavínia, a mãe da menina, Maura Bela Rosa, havia saído por meia hora para dar um telefonema e comprar um lanche. Lavínia teria sido deixada dormindo no quarto com a irmã de 5 anos. O padrasto das meninas, Mário Luiz de Castro, estava com a perna quebrada e dormia no sofá da sala. Ele disse não ter ouvido nenhum barulho vindo do quarto. Ainda de acordo com Santos, quando Maura voltou para casa, deitou-se no quarto com as crianças, mas logo acordou com o barulho de um ronco que vinha de baixo da cama de Lavínia. Assim que ela se levantou, Martins teria saído do local com uma faca na mão e escapou por uma janela. Maura ainda tentou correr atrás do morador de rua, mas não conseguiu alcançá-lo. Ao voltar para casa, viu que a filha mais velha estava desacordada. "O pessoal das outras casas ouviu os choros e os gritos", relatou Santos. Os pais levaram a menina a um posto de saúde, onde a morte foi confirmada. A polícia foi acionada e enviou viaturas ao local. Martins foi encontrado a poucas quadras da casa da família, por moradores da região. O morador de rua chegou a receber alguns golpes, principalmente na cabeça, mas foi salvo por policiais. Martins recebeu atendimento em um hospital e, ainda na tarde de ontem, foi preso por flagrante de homicídio. Segundo a polícia, o morador de rua estava foragido da Colônia Penal Agrícola e já havia sido detido outras três vezes, por roubo e porte ilegal de arma. Havia dois mandados de prisão contra ele. De acordo com o tio-avô de Lavínia, Martins é conhecido no bairro e sempre era atendido quando pedia comida. "Na casa da Lavínia, ele já ganhou comida", conta. "Não dá para entender a razão de toda essa maldade." Segundo ele, havia sinais de que a criança teria sido estrangulada com um cadarço. Um grande número de pessoas reuniu-se na tarde de ontem na Associação de Moradores da Vila Esperança, aguardando a chegada do corpo da menina. Entre elas estava o padrinho de Lavínia, Claudemir Alves de Almeida. "Como fazia quase todos os dias, ontem (sábado) ela esteve em casa para pedir a bênção." Segundo os familiares, Lavínia estudava em uma escola nas proximidades de sua casa, para onde ia sozinha. Era ela, ainda, a responsável por levar a irmã menor aos estudos. "Agora o medo está em todos na região", lamentou o padrinho de Lavínia. O corpo da garota deve ser sepultado hoje, no Cemitério do Boqueirão. OUTROS CASOS No dia 5, o corpo da menina Rachel Genofre, de 9 anos, foi encontrado dentro de uma mala abandonada na rodoferroviária de Curitiba. Havia sinais de violência sexual e asfixia. Um ex-presidiário foi preso, acusado do crime, mas exames de DNA o isentaram. Cinco dias depois, Alessandra Betim, de 8 anos, foi achada morta em Castro, no interior do Paraná, com traumatismo craniano. Dois suspeitos foram presos. Uma terceira vítima, Pâmela dos Santos, de 3 anos, foi morta em Querência do Norte, no noroeste do Estado. O autor do assassinato, segundo a polícia, é Manoel Tenório de Miranda. Ele teria confessado o crime, justificando-o como uma vingança contra a mãe da criança, que teria recusado pedido de namoro. Nesse caso, não houve confirmação de violência sexual.

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