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Garotinho cogita envolvimento de policiais em fuga da Polinter

Por Agencia Estado
Atualização:

O governador Anthony Garotinho disse hoje que não descarta a possibilidade de policiais terem participado do planejamento da fuga de quinze presos da Polinter, na zona portuária do Rio, na segunda-feira, depois que bandidos jogaram duas carretas contra uma parede da carceragem. "Como é que eles sabiam o local onde bater para arrombar exatamente em frente às celas? Era alguém que conhecia. Foi informação de dentro", afirmou o governador. Garotinho, que se disse chocado com a audácia dos criminosos, contou que algumas coincidências chamaram a atenção, como o fato de a cúpula da polícia fluminense estar num seminário fora do País no dia do resgate. Ele informou ainda que a polícia já sabia que havia um plano do bando do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, de resgatar presos da Divisão Anti-Seqüestro, na zona sul. Por isso, membros da quadrilha foram transferidos para a Polinter. Segundo ele, Beira-Mar teria sido o mentor da ação. "O azar deles é que espalhamos os presos pelas celas, não deixamos todos concentrados num local só." Apenas um detento voltou à Polinter depois da fuga, por conta própria. Ele se apresentou com um advogado e provou que já poderia estar solto. O preso contou que fora forçado a fugir. Ao retornar à Polinter, foi liberado. As buscas pelos fugitivos continuam. O governador determinou ao comandante geral da PM, coronel Wilton Soares Ribeiro, que reforce o policiamento nas delegacias que concentram presos. Rebelião - Armados de fuzis, revólveres e pistolas, presos da Casa de Custódia Jorge Santana, no Complexo Penitenciário de Bangu, zona oeste, mantiveram quatro policiais militares como reféns durante doze horas depois de uma tentativa frustrada de fuga. As armas seriam dos próprios PMs, que compõem a guarda do presídio e teriam sido roubadas durante o jantar, conforme informou o comando geral da corporação. Vestindo as fardas dos policiais, alguns presos chegaram até a entrada da penitenciária. Eles foram descobertos e não conseguiram fugir. Houve tiroteio, mas ninguém se feriu. A rebelião começou às 20h30 de segunda-feira e só terminou hoje cedo. Segundo o comandante geral da PM, os presos portavam dois fuzis, três revólveres e três pistolas. Será aberta sindicância interna para investigar como os detentos conseguiram as armas, mas, de acordo com relatos dos policiais, eles renderam um PM durante o jantar e, com sua arma, dominaram o restante da guarda. Um preso também foi mantido refém pelo grupo. Dois especialistas do Batalhão de Operações Especiais (Bope) negociaram a rendição dos presos durante a madrugada. O comandante da PM e o subsecretário operacional, coronel Lenine de Freitas, acompanharam o caso. Policiais do Bope e do Batalhão de Choque permaneceram no local para agir se houvesse nova tentativa de fuga. Parentes dos detentos passaram a madrugada na porta da penitenciária aguardando notícias. A casa de custódia Jorge Santana abriga cerca de 500 presos que aguardam julgamento. Há duas semanas, um túnel subterrâneo que ligava o interior da casa à rua foi descoberto. Em março, dois outros túneis já haviam sido fechados pela direção do presídio. Em julho deste ano, 32 pessoas conseguiram escapar ao serrar as grades do banheiro. Ontem, 25 detentos que estavam na carceragem da Polinter na zona portuária, haviam sido transferidos para lá por causa da fuga. O diretor do Departamento do Sistema Penitenciária (Desipe), Manoel Pedro da Silva, não acredita que haja relação entre o caso da Polinter e a tentativa de fuga. Segundo ele, os presos transferidos estavam em celas de adaptação e não participaram da rebelião. Silva informou, no entanto, que tanto o grupo resgatado da Polinter quanto os rebelados da casa de custódia pertencem à facção criminosa Comando Vermelho.

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