Gaúcho é preso por deserção 13 anos depois

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Por Agencia Estado
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Um pedreiro gaúcho de 32 anos foi preso pela Polícia do Exército, na terça-feira à tarde, por ter desertado há 13 anos do serviço militar. Sérgio Ricardo Portela Pedroso estava voltando com o filho de seis anos para casa, no bairro Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre, quando foi chamado por um grupo de homens à paisana, que o apontaram uma pistola e o empurraram para dentro de um carro. A prisão foi determinada pela juíza Livia Soares Falson, da 2 Auditoria da 3 Circunscrição da Justiça Militar (CJM), com sede em Bagé (RS). "Mesmo sem nunca dever nada para a polícia, me algemaram na frente do meu filho", afirmou Pedroso. O pedreiro ficou preso até ontem no 3º Batalhão de Polícia do Exército, em Porto Alegre, e foi transferido à tarde para Jaguarão, a 390 quilômetros da capital, onde atualmente funciona o 12º Regimento de Cavalaria Mecanizada. Pedroso era soldado desse regimento, ainda localizado em Porto Alegre, em 1987, quando decidiu deixar a caserna e não voltar mais, por considera-se humilhado por um oficial. "Moro no mesmo endereço da época em que abandonei o Exército e nunca me procuraram. Não entendi o porquê disto agora", disse Pedroso. Em licença, a juíza Falson não quis se pronunciar sobre o caso. De acordo com a diretora de secretaria da 1 Auditoria da 3a da CJM, Beatriz Stock, os mandados de busca dos desertores se renovam a cada seis meses. "Alguns desertores se apresentam voluntariamente, provam que são pais de família e trabalham e respondem o processo em liberdade", afirmou Beatriz. O responsável pela 2 Auditoria, Tomás Mércio, não soube dizer porque Pedroso não foi procurado nem preso antes. "O atraso de 13 anos não chega a ser absurdo, pois há mandados mais antigos não cumpridos", afirmou Mércio. Segundo o coronel Homero Zanotta Vieira, cerca de 10 mandados semelhantes ao da prisão de Pedroso já foram executados no último ano pela Polícia do Exército. A deputada estadual Maria do Rosário (PT) foi procurada pela mulher do pedreiro, Rosângela Pedroso, e tentou ontem negociar com o Comando Geral do Sul do Exército o retorno de Pedroso para a capital. Advogados da área de Direitos Humanos preparam uma ação para tentar libertar o pedreiro. A deserção é um crime que não prescreve e pode ocasionar uma pena de seis meses a quatro anos de prisão.

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