Gerente da TAM morre após ajudar a salvar colegas

José Antônio não resistiu aos vários ferimentos que sofreu tentando ajudar no resgate dos feridos

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Por Fabiane Leite
Atualização:

Às 3h55 desta quinta-feira o Hospital Arthur Ribeiro Saboya, no Jabaquara, registrava a morte de José Antônio da Silva. Oficialmente, seria mais um dos 188 mortos – confirmados até o início da noite – no bárbaro acidente com um Airbus A320 da TAM, que vinha de Porto Alegre com 186 passageiros a bordo, quando explodiu, ao tentar pousar em Congonhas, na terça-feira, 17.   Mas a história de José Antônio não seria apenas mais uma. Gerente-geral de tráfego da TAM, ele teve múltiplas fraturas, queimaduras de segundo grau e intoxicação por monóxido de carbono. Ferimentos que sofreu devido às tentativas que fez de ajudar os colegas e amigos da empresa em que trabalhava havia três anos.   Nesta quinta-feira, 19, Gisele, sua companheira, desmentia boatos de que ele tivesse se jogado do prédio, o que, em desespero, foi a decisão de dois outros funcionários. Ele gostava de andar pelas montanhas de Santo Antônio do Pinhal, na serra de São Paulo, com a companheira. Sonhava em viver com ela na praia, longe da confusão da capital.   Pouco depois das 19 horas de terça-feira, Gisele soube da tragédia e ligou desesperada para o marido. "Liguei no Nextel e disse: ‘o que foi que aconteceu?’ Ele me falou: ‘Gi, caiu um avião em cima da gente. Eu tô ajudando as pessoas.’ Então, caiu a linha", disse a assistente social Gisele Garcia, companheira de 16 anos do gerente, que estava no segundo casamento. Sem filhos, os dois gostavam de viajar e viver em clima de namoro.   O marido vivia satisfeito com o trabalho, disse Gisele. "Era dedicação total. Autoridades da Infraero, da Receita Federal o conheciam e o respeitavam. Era uma pessoa amiga, equilibrada. E adorava a praia, queria morar na praia, tinha esse sonho que não conseguiu realizar."

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