Gestão é vista com reservas por governos

Secretários municipal e estadual têm sérias restrições à direção do museu

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Por Jotabê Medeiros
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É como numa partida de pingue-pongue: quanto mais se evidenciam os problemas de gestão do Masp, mais eles são minimizados pela instituição. O problema maior sempre é o da resistência que o Masp (instituição privada com acervo público, e cuja diretoria é escolhida pelos sócios da instituição) demonstra em abrir-se para a sociedade. Por exemplo: há anos não consegue mais a atenção do governo estadual. O maior problema é a insistência do presidente do museu, Júlio Neves, em se manter no cargo. Ele vai para 14 anos à frente da instituição e diz que só está nessa posição porque não há postulantes à vaga - mas sua reeleição contínua é muito criticada por conta do sistema pouco transparente. A mais ambiciosa proposta de Neves - a construção da Torre do Masp, no prédio vizinho ao museu, que garantiria uma fonte permanente de recursos - não vingou. O prédio vizinho está mais deteriorado que nunca e pode brevemente ser até condenado se não for utilizado. Segundo o atual secretário de Estado da Cultura, João Sayad, a secretaria "manteve negociações com a administração do museu tentando solucionar o problema financeiro", mas as "negociações foram malsucedidas e foram interrompidas no início do segundo semestre deste ano". O secretário municipal de Cultura, Carlos Augusto Calil, também julga necessárias mudanças estruturais no museu para que ele readquira credibilidade. PREOCUPAÇÃO "O roubo desta madrugada aumenta a preocupação com o museu brasileiro que detém o acervo mais precioso talvez da América Latina e enfrenta problemas financeiros graves, além dos problemas de segurança que agora se tornaram evidentes", disse Sayad. Na época de sua maior crise, em maio de 2006, quando teve o fornecimento de energia elétrica cortado pela Eletropaulo, ficou-se sabendo que também o governo federal tentou negociar com o museu para que aceitasse abrir sua gestão para além das reuniões esporádicas e apressadas de seu conselho. Aquela crise, no entanto, também trouxe progressos. O maior deles foi a adoção de um curador profissional, José Roberto Teixeira Coelho. Uma das dívidas do Masp que está sendo contestada na Justiça é o débito com o INSS. O museu deve R$ 3,3 milhões.

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