Golpe do "boa noite, Cinderela" leva uruguaio à prisão

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Por Agencia Estado
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O encontro é marcado sempre às sextas-feiras num bar freqüentado por gays. Na primeira oportunidade, dois ou três comprimidos do tranqüilizante Lorax dissolvidos são colocados num copo de suco ou de cerveja. A moleza aparece após alguns goles da bebida. Meio zonzo e andando com dificuldade, a vítima do golpe ?boa noite, Cinderela? é levada do bar para seu apartamento e cai num sono profundo. Só acorda, muitas vezes, dois ou três dias depois. O autor ou autores do golpe aproveitam para furtar os objetos de valor nos apartamentos e usam os cartões de crédito em lojas e joalherias dos shoppings. O golpe foi revelado à polícia pelo tradutor uruguaio Hector Hugo Carro Arias, de 44 anos, preso nesta segunda-feira e acusado de ter atacado dezenas de homossexuais. Arias também vendia o remédio para grupos que usam o mesmo método em São Paulo, Rio, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. As vítimas dos golpistas, em sua maioria, são médicos, dentistas, arquitetos, artistas plásticos e professores que o uruguaio disse conhecer através das salas de bate-papo na internet. Ele foi autuado por tráfico no Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc). Estava com cem comprimidos de Lorax, um psicotrópico de venda controlada. Um investigador do Denarc soube das atividades do uruguaio e se passou por comprador dos comprimidos. Marcou encontro num bar da Avenida São João, no Centro, para receber o tranqüilizante. Ao perceber que se tratava de um policial, Arias fugiu e acabou entrando no prédio da Superintendência da Polícia Federal, na Rua Antônio de Godoy. Afirmando ter lutado boxe, ser faixa preta e amigo de empresários de jogadores de futebol, Arias disse ter trabalhado como assessor da Fifa nas eliminatórias para a última Copa do Mundo, nos jogos realizados no Brasil. No hotel onde estava hospedado havia seis meses, mostrou as credencias do jogo Brasil e Argentina, em 26 de julho de 2000. Ao delegado Eduardo Nardi mostrou fotos com jogadores do Boca Juniors, da Argentina, na vitória da Liberdadores da América contra o Palmeiras. Ele disse que comprava os comprimidos a R$ 8 e os vendia a R$ 12, mas não disse de quem comprava. O delegado disse que o tradutor aprendeu o golpe nos bares gays do Rio.

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