O governador de Alagoas, Teotonio Vilela Filho (PSDB), solicitou na segunda-feira ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, por telefone, a participação da Polícia Federal em uma operação integrada das polícias Civil e Militar de Alagoas para combater uma nova onda de violência no Estado patrocinada pelo crime organizado. Segundo o governo do Estado, o ministro acatou a solicitação, que será formalizada nesta terça-feira, 13, em Brasília, em um encontro entre Vilela e Thomaz Bastos. Nesta terça, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), informou o ministro da Justiça encaminhará uma ação policial para reforçar a segurança pública no Estado de Alagoas, onde 17 pessoas foram seqüestradas nos últimos seis meses, entre elas, um juiz e três parentes de magistrados. Segundo Renan será uma ação conjunta da Polícia Federal, do governo de Alagoas, Ministério Público e juizados para anunciar medidas de reforço à segurança pública. Renan acredita que a violência pode ser um dos fatores inibidores para o crescimento econômico. "Tem tudo a ver com o crescimento. Como vamos atrair investimento se não garantimos a proteção e vida das pessoas", disse Calheiros. Audiência A audiência entre Vilela e Bastos servirá também para definir os detalhes da parceria. No entanto, o governador evita falar em intervenção federal na segurança pública do Estado. A princípio, a operação terá a participação da PF, mas será comandada pelo secretário estadual de Defesa Social, general da reserva Edson Sá Rocha. A força tarefa terá como objetivo combater o crime de mando, os seqüestros de autoridades e outras ações do crime organizado em Alagoas. Em Brasília, Teotonio Vilela também tem audiência com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, e com o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, no sentido de assegurar maior participação de Alagoas nos programas de crescimento social e desenvolvimento do governo federal. Tratamento de choque Em entrevista à imprensa, o general Sá Rocha disse que "é preciso um tratamento de choque contra a violência em Alagoas". O secretário afirmou ainda que pediu ao governador para requisitar auxílio federal em todos os sentidos - de novos equipamentos ao aumento do número de agentes da PF em Alagoas. O general informou também que teria uma reunião com o superintendente da PF em Alagoas, Bérgson Toledo, para traçar estratégias de atuação, como operação conjunta para cumprimento de mandados, agilidade na decretação de prisões, fechamento de divisas com Estados e aumento do trabalho de inteligência. Segundo Sá Rocha, esta semana chega a Alagoas o equipamento chamado "Guardião", fruto de um convênio com a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp). É um equipamento de alta tecnologia em interceptação telefônica e rastreamento. O secretário disse ainda que prevê a incorporação de PMs concursados, além de novos 500 policiais civis. Efetivo dobrado Sá Rocha traçou a meta de que, em quatro anos, o efetivo da PM aumente 50% e da Polícia Civil, 100%. No encontro com Thomaz Bastos, Vilela levará reivindicações do secretário, como a reforma da Academia da Polícia Civil, da sede do Tático Integrado Grupo de Resgate e a construção de novos presídios e de uma nova Casa de Custódia. O general acredita que em pouco tempo reconstruirá as forças de segurança pública de Alagoas. "Há vários fatores, mas um especial é a mudança da mentalidade do nosso policial. Nossos policiais estão letárgicos, só agem quando provocados. Eles ficam até com raiva quando eu falo isto", destacou.