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Governador do Rio visita área de deslizamento em Angra

Cabral fez discurso contra ocupação irregular do solo e pediu radicalização na retirada de áreas de risco

Por Felipe Werneck
Atualização:

O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), fez nesta manhã sua primeira visita ao local atingido pela tragédia que já causou 21 mortes na Enseada do Bananal, na Ilha Grande. Ele chegou à praia por volta das 10h30, percorreu toda a extensão de cerca de 500 metros até o local do desmoronamento e acompanhou parte dos trabalhos de resgate da equipe de 85 bombeiros, na área que teve acesso restrito, próxima à pousada Sankay.

 

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Durante a visita, Cabral recebeu um telefonema do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com quem conversou por cerca de dez minutos, e do ministro da Integração Regional,  Geddel Vieira Lima. Embora ressaltando não ter sido este o caso do desabamento no parque da Ilha Grande, Cabral fez um discurso exaltado contra a ocupação irregular de encostas e defendeu o que chamou de "radicalização" para retirar famílias que vivem em áreas de risco, fato que atribuiu a "décadas de populismo".

 

Bombeiros retiram corpo de destroços deixados por deslizamento. Marcos Arcoverde/AE

 

O governador disse que, somente em Angra, há 3 mil casas em áreas de risco. Cobrado por uma repórter sobre o fato de não ter visitado o local dos acidentes no dia da tragédia, o governador reagiu afirmando que não faz demagogia. "Qualquer exploração política disso chega a ser um deboche", declarou. Depois, dirigindo-se aos jornalistas indagou: "Estão querendo plantar que eu estava fora do País? Eu estava em Mangaratiba", declarou. "Eu não faço demagogia. Houve um tempo em que o governador tirava fotos ao lado de armas e granadas apreendidas e ao lado de traficantes, como se fosse o John Wayne da história", criticou.

 

Dois secretários do governo estadual estão na ilha desde a manhã do acidente: o de Saúde, Sérgio Cortes, e o de Obras (Luis Fernando Pezão). Na visita, que durou em torno de uma hora e meia, Cabral percorreu a ilha, abraçou e conversou com moradores. A uma moradora, identificada apenas como Aparecida, que  chorava muito a perda de parentes, ele declarou, antes de beijá-la na testa: "Você é religiosa? Nesta hora, só Deus. A maneira que você vai homenageá-los é cuidando dos filhos que estão aí vivos, precisando de você".

 

O governador lembrou que quem legisla sobre o solo urbano são as prefeituras, mas afirmou que Estado e União devem ajudar. O governador não chegou a se aproximar do trecho da pousada que ficou de pé, inacessível ainda, devido a toneladas de terra e lama que a separam do restante da praia. Ele disse que os bombeiros já identificaram a casa onde há suspeita do maior número de desaparecidos e o maior problema agora é encontrar essas pessoas. Ele lembrou, ainda, que ocupação irregular não é o problema da Ilha Grande. "No início do meu governo, dobramos a área do parque da ilha e fomos criticados por isso, inclusive pela elite", comentou.

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