NATAL - O ministro da Defesa, Raul Jungmann, anunciou nesta sexta-feira o envio de 2 mil homens da Força Nacional para o Rio Grande do Norte, dentro de um operação de Garantia da Lei e da Ordem. As tropas começam a chegar no Estado nesta tarde. Nesta primeira etapa serão 500 homens, que partem rumo à região metropolitana de Natal e de Mossoró. A ação tem duração inicial de 15 dias, mas pode ser renovada. "Ficaremos lá o quanto for necessário, até que a ordem se restabeleça ", disse Jungmann.
O Rio Grande do Norte enfrenta uma grave crise de segurança. Há dez dias policiais civis e militares estão em greve, reivindicando o pagamento de salários atrasados. Durante o anúncio, o ministro fez um apelo para que profissionais voltem ao trabalho. "A situação é difícil, entendemos a falta de salário, a falta de equipamentos, mas acima disso está o juramento que o policial militar fez de defender a vida. O valor mais sagrado é da vida. Faço um apelo para que retomem, apesar de todas as dificuldades, o mandato concedido". Em solidariedade aos homens "que ganham mal", deslocados para o Rio Grande do Norte, Jungmannvai permanecer no Estado até o réveillon. Além do recado aos policiais, o ministro mandou um aviso para os criminosos: "Seremos implacáveis. Respeitando a lei e direitos humanos".
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Jungmann anunciou ainda a prorrogação da operação de Garantia da Lei e da Ordem no Rio até dezembro de 2018. Na próxima semana, o governador Pezão virá a Brasília para, numa reunião com o Ministério da Defesa, GSI e Ministério da Justiça, definir um protocolo para as ações conjuntas.
O anúncio ocorreu logo depois de uma nova baixa na polícia potiguar. Sob a alegação de que atingiu o tempo de contribuição previdenciária e diante da atividade de risco que exerce, o delegado-geral de Polícia Civil do Rio Grande do Norte, José Francisco Correia Júnior, anunciou nesta sexta-feira, 29, que deixará o cargo. O anúncio da aposentadoria ocorre num dos períodos mais críticos na segurança pública potiguar.
Desde o início da semana passada, policiais civis e militares, além de bombeiros, delegados e escrivães de Polícia Civil reduziram os serviços a 20% do efetivo. Eles pedem o pagamento dos salários atrasados dos meses de novembro, dezembro e o décimo terceiro, além de melhorias na estrutura de trabalho e regularização das viaturas policiais.
“Não vou aqui relatar aquilo que fiz pela Polícia Civil, até por que não fiz nada a mais que minha obrigação como servidor público, e sim pedir desculpas por aquilo que não pude fazer a mais”, relatou o delegado-geral em carta enviada aos colegas de profissão e à secretária de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social, Sheila Freitas.
Em outro trecho, ele escreve: “Uma decisão, mais difícil do que dar início no exercício de uma atividade tão honrosa quanto a de delegado de Polícia Civil é a decisão de deixar de exercê-la. Sei do momento extremamente delicado que passa toda a segurança pública, todavia, essa decisão já é antiga, tomada há alguns meses, sendo já do conhecimento de alguns colegas”.
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De acordo com a assessoria de imprensa da secretaria, o cargo de delegado-geral será assumido pela atual adjunta, a também delegada de Polícia Civil Adriana Shirley.
Greve e violência
Desde o início da semana passada até a manhã desta sexta-feira, 29, a Central de Flagrantes da Polícia Civil registrou 538 ocorrências. A maioria delas – 479 – se relaciona a roubos contra pessoas. Os arrombamentos a estabelecimentos comerciais somam 50; a bancos e terminais eletrônicos, 7; e o roubo de veículos é recorde: 242 ocorrências. Durante a madrugada desta sexta-feira, mais um supermercado foi invadido por cerca de 20 criminosos, que quebravam vidraças e saquearam produtos.
No início da noite desta quinta-feira, 28, o governo do Estado reforçou o pedido de envio de Tropas Federais ao presidente Michel Temer. Atualmente, cerca de 150 homens e mulheres da Força Nacional reforçam o policiamento ostensivo em Natal. Os policiais civis e militares mantêm, mesmo descumprindo decisão judicial, a paralisação dos serviços. As categorias alegam que não estão em greve, mas trabalhando com as condições oferecidas pelo poder executivo.