Governador pede que PM expulse tenente que atirou em cães

Após matar um animal e ferir outro em Teixeira de Freitas, na Bahia, policial foi afastado das funções e está recluso

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Foto do author José Maria Tomazela
Por José Maria Tomazela
Atualização:

SOROCABA- O governador da Bahia, Rui Costa (PT), pediu que a Polícia Militar expulse o tenente Wilson Pedro dos Santos Júnior, que no dia 13 matou com seis tiros de pistola um cão da raça buldogue francês. Uma cadela golden retriever foi salva pela dona, a advogada Bruna Holtz Carvalho, de 26 anos. Motivo: o cachorro teria feito xixi no jardim do oficial, em um condomínio de classe média alta em Teixeira de Freitas, extremo sul do Estado. Câmeras da rua gravaram as cenas, e as imagens correram o País, causando indignação. “A ação mostra desequilíbrio e que a pessoa não reúne condições de vestir uma farda e portar arma”, afirmou o governador. Afastado das funções, sob investigação criminal e ameaçado de expulsão da polícia, o tenente de 31 anos se recolheu em casa e não fala com a imprensa. Seu chefe imediato, Valci Góis Serpa de Oliveira, diretor do Colégio da PM de Teixeira de Freitas, onde Santos estava lotado, disse que o subordinado está abalado psicologicamente. “Ele estava sendo incomodado pela vizinha, que toda hora ia na porta da sua casa com os cachorros, e perdeu a cabeça.” Oliveira encaminhou o tenente para o atendimento psicológico da PM.

Condomínio Atlântico Ville, onde policial matou um cachorro da raça buldogue francês com seis tiros Foto: Divulgação

As imagens mostram o policial já na rua de pistola em punho, atirando duas vezes contra o buldogue. Atingido, o animal se arrasta e tenta fugir, mas recebe outros tiros. A mulher pega e protege o outro cão, mas quase é atingida. Três tiros feriram mortalmente o animal. O homem volta para casa, enquanto Bruna, o marido e vizinhos correm na tentativa de salvar o buldogue, que já estava morto. Na versão da advogada – que acusa o PM de tentar matá-la –, o buldogue Apollo nem sequer fez xixi no gramado do tenente. “Só passamos perto do jardim dele.” Segundo ela, tudo começou um dia antes, quando o PM colocou uma carta sob sua porta com ameaças. “Ele dizia que se meus filhos invadissem e cavassem de novo o jardim, ele não responderia pelos seus atos.” Bruna se refere aos cães como filhos. A advogada tentou conversar, mas ele se recusou. Da síndica, ela ouviu o conselho para evitá-lo, por se tratar de pessoa problemática e perigosa.Repercussão nas redes. Assim que as cenas foram divulgadas, tiveram início as reações. Nas redes sociais, o vídeo foi visto por mais de 1 milhão de pessoas. O caso ganhou destaque no jornal Clarín, da Argentina, e na rede BBC, de Londres. Em nota, o comando da PM informou que Santos estava de folga, mas responderá à sindicância que deve resultar em processo disciplinar sumário ou administrativo disciplinar, podendo culminar com sua expulsão.

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