Governo admite 'dificuldade' em cumprir meta de saneamento
Objetivo é garantir que 100% do País seja abastecido por água potável até 2023 e 92% dos esgotos estejam tratados até 2033
Por Luísa Martins
Atualização:
BRASÍLIA - O secretário nacional de saneamento ambiental, Paulo Ferreira, admitiu nesta terça-feira, 16, que é o Brasil “terá dificuldades” em cumprir a meta de universalização do saneamento básico até 2033. Ele também esquivou-se de aprofundar a relação entre a falta de saneamento básico - segundo diagnóstico mais recente, mais de 42% da população urbana brasileira não é atendida por redes coletoras de esgoto -com a proliferação de Aedes aegypti, responsável por uma epidemia de zika no País.
“Estamos atrasados”, reconheceu, atribuindo a vagarosidade das ações a dificuldades como falta de recursos, problemas de gestão nos municípios e conflitos relacionados ao licenciamento ambiental. O objetivo do Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab) é garantir que 100% do território nacional seja abastecido por água potável até 2023 e 92% dos esgotos estejam tratados até 2033. “São metas ousadas”, disse o secretário.
Esgoto a céu aberto em favelas do Rio
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Um perigo diário para a saúde
Crianças brincam no Rio em uma piscina sem sistema de drenagem e limpeza de água Foto: Silvia Izquierdo/AP
Um perigo diário para a saúde
Um menino bebe a água de uma bica que traz líquido de um tanque de água reutilizada dentro de sua casa Foto: Silvia Izquierdo/AP
Um perigo diário para a saúde
Um menino brinca ao lado da água do esgoto, que lentamente atravessa a Favela do Mandela Foto: Silvia Izquierdo/AP
Um perigo diário para a saúde
Vala a céu aberto ao lado de casas na Favela da Rocinha Foto: Silvia Izquierdo/AP
Um perigo diário para a saúde
Casas no Morro do Timbau, no Complexo de Favelas da Maré, localizadas em um ponto mais alto do que as árvores e vizinhas a um poluído esgoto Foto: Silvia Izquierdo/AP
Um perigo diário para a saúde
Tubulações despejam água das casas diretamente nas ruas da Favela da Rocinha Foto: Silvia Izquierdo/AP
Um perigo diário para a saúde
Uma boneca da Hello Kitty é vista no meio do lixo na Baía da Guanabara Foto: Silvia Izquierdo/AP
Um perigo diário para a saúde
Lixo se acumula na Estação de Tratamento de Esgotos de Alegria, no Canal do Fundão Foto: Silvia Izquierdo/AP
Um perigo diário para a saúde
Sentados, moradores tomam sol próximo a um córrego poluído de esgoto na Favela da Rocinha Foto: Silvia Izquierdo/AP
Um perigo diário para a saúde
Crianças brincam no Rio em uma piscina sem sistema de drenagem e limpeza de água Foto: Silvia Izquierdo/AP
Um perigo diário para a saúde
Marcele de Oliveira França, mãe solteira de 21 anos, faz bicos como diarista para pagar o aluguel mensal de R$ 300 Foto: Silvia Izquierdo/AP
Um perigo diário para a saúde
Lixo se acumula em uma área aberta da Favela da Rocinha Foto: Silvia Izquierdo/AP
Um perigo diário para a saúde
Um bebê dorme na sua casa na Favela do Mandela Foto: Silvia Izquierdo/AP
Um perigo diário para a saúde
Uma menina carrega um balde de água retirada de uma bica para a sua casa, no andar superior de uma construção na Favela da Rocinha Foto: Silvia Izquierdo/AP
Um perigo diário para a saúde
Favela do Mandela, vizinha a um córrego poluído de esgoto Foto: Silvia Izquierdo/AP
Um perigo diário para a saúde
Um estudante atravessa uma ponte sobre um canal poluído na Favela do Mandela Foto: Silvia Izquierdo/AP
Um perigo diário para a saúde
José Martins, de 68 anos, próximo a uma vala ao ar livre na Favela da Rocinha Foto: Silvia Izquierdo/AP
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Estudo publicado em janeiro pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que, com o ritmo atual de investimentos, a população brasileira só estaria completamente atendida com água encanada em 2043 - esgotamento sanitário, só em 2054. O atraso seria em função da baixa média histórica de investimentos no setor, que recebeu R$ 7,6 bilhões por ano entre 2002 e 2012. Para que fossem cumpridos os prazos estabelecidos pelo Plansab, seria preciso, de acordo com a pesquisa, elevar esse valor para R$ 15,2 bilhões anuais.
Dados do Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento (Snis), divulgados pelo Ministério das Cidades nesta quinta, com referência para o ano de 2014, mostram que ampliação da rede de água cresceu, de um ano para outro, apenas 1,5%. Já a expansão da rede de coleta de esgoto foi maior, mas não muito otimista: 3,7% em relação a 2013. “Olhando no horizonte com olhos de hoje, fica realmente difícil de, neste ritmo, atingir a meta”, assumiu o secretário.
Sobre o impacto da falta de saneamento em doenças como a dengue, a chikungunya e a zika, transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, Ferreira disse que “é um problema mais relacionado à higiene das habitações”, mas reconheceu que “se tiver coleta de esgoto, a possibilidade de contaminação é menor”. No mais, evitou prolongar o assunto: “Sou um mero engenheiro”.