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Governo ainda não decidiu se manda tropas para o Rio

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Por Agencia Estado
Atualização:

Depois de um dia inteiro de impasse os governos federal e do Rio de Janeiro não chegaram a um acordo sobre o envio de tropas das Forças Armadas para ajudar no combate ao crime organizado no Rio de Janeiro. Até o início da noite, os Ministérios da Justiça e da Defesa ainda não haviam recebido o pedido oficial do governo do Rio . Além disso, a forma como o Rio sugeriu a participação das tropas federais irritou o governo federal. O Estado anunciou que queria quatro mil homens pára-quedistas, das forças especiais e fuzileiros navais. De acordo com o governo federal, havendo o pedido oficial, quem avalia se vai enviar, que tipo de tropa será enviada e a quem caberá o comando é o Planalto. A decisão anunciada pelo Estado, de que as três forças atuariam sob o comando do governo do Rio foi considerada "inaceitável", inclusive do ponto de vista legal. De acordo com a Constituição, as Polícias Militares são forças auxiliares das tropas federais e, em caso de operação conjunta, o controle operacional é do Comando Militar da área, no caso o comando do Leste. Desde a noite de segunda-feira, várias reuniões foram realizadas no Planalto, algumas com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e todas com os ministros da Defesa, José Viegas, da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, da Casa Civil, José Dirceu, e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Jorge Armando Félix. O presidente Lula estava muito preocupado com a situação no Rio de Janeiro, com a falta de segurança que se instalou no Estado e com o que classificava de tentativa de se dizer que o governo federal estava alheio ao problema do Rio de Janeiro. Por outro lado, havia a preocupação também de não trazer o problema para dentro do Palácio do Planalto, conforme foi avaliado na reunião de segunda à noite, no período em que Lula esteve presente. Hoje pela manhã, primeiro o ministro da Defesa se reuniu com o comandante do Exército, general Francisco Albuquerque, em seu gabinete e, em seguida, veio para o Planalto se reunir com Dirceu, Thomaz Bastos e Félix. Nesta nova reunião houve uma avaliação da situação no Estado, que voltou a ser discutida à tarde. O GSI ficou responsável por tentar cooperar com a parte de inteligência, enquanto a Defesa e a Justiça, com a parte operacional. A avaliação que se fazia é que de pouco adiantará, a esta altura do campeonato, os homens das três forças subirem o morro da Rocinha até porque todos no governo federal têm convicção de que o local "já está limpo" porque os traficantes já se transferiram para outras áreas. Uma outra preocupação muito grande por parte da área militar é com a possibilidade de estourarem novos confrontos em outros morros, conforme as informações disponíveis. Toda esta operação pode ser agravada, de acordo com informações da área militar, com a saída do Superintendente da Polícia Federal do Rio, que estaria pedindo demissão e com a ameaça de greve da Polícia Civil do Rio de Janeiro. No governo Lula, as tropas federais já atuaram junto às tropas do Rio em fevereiro do ano passado, a Operação Guanabara, quando três mil homens auxiliaram na segurança do Carnaval 2003. Além disso, as Forças Armadas estiveram nas ruas também em 1999, quando houve a Cimeira, com 3500 homens só do Exército, além das demais forças, assim como entre dezembro de 94 e maio de 95, na Operação Rio, quando eles efetivamente subiram o morro, na Eco 92, e antes, na visita do papa, ainda no governo Fernando Collor.

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