Governo deve fazer nova oferta a policiais

Categoria espera aumento de ?dois dígitos?; governo já propôs 6,2%

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

O governo do Estado de São Paulo deve apresentar hoje a sua contraproposta de reajustes às associações das carreiras da Polícia Civil. O anúncio foi feito ontem pelo secretário de Gestão Pública, Sidney Beraldo, aos representantes de sete associações, entre elas as dos delegados, investigadores e escrivães de polícia, que decidiram suspender a greve por 48 horas para negociar com o governo - os sindicatos da polícia decidiram manter a paralisação. "Estamos otimistas e dissemos ao governo que precisamos de um índice de reajuste de dois dígitos", afirmou o delegado Sérgio Marcos Roque, presidente da Associação dos Delegados de São Paulo. O governo, que havia oferecido 4,2% de reajuste, já havia subido essa proposta para 6,2%. Os policiais, que pediam reajuste de 60% e decidiram fracioná-lo para 15% neste ano e 12% nos dois anos seguintes, agora pedem 15% para este ano, deixando para depois a negociação dos índices dos anos seguintes. Por enquanto, os policiais já obtiveram o fim das 5ª e 4ª classes - esta última seria mantida apenas como estágio probatório - e a volta da aposentadoria especial. O governo informou dispor de cerca de R$ 500 milhões para pagar aos policiais e espera que a negociação com as entidades decida como esse montante deve ser aplicado. Na capital, muitas pessoas aproveitaram a trégua de 48 horas da greve para ir às delegacias. Foi o caso da bancária Rose Mary Rufino Alvarez, de 38 anos, que chegou às 10 horas para fazer o boletim de ocorrência da clonagem do seu cartão do banco. "Vim na segunda-feira, mas um policial na porta da delegacia nem me deixou entrar por causa da greve. Também não consegui fazer o registro pela internet." Após pegar a senha, Rose esperou uma hora e meia pelo atendimento no 1º Distrito Policial, na Sé, centro da capital. Cansada, foi tentar registrar a ocorrência no 16º Distrito Policial, na Vila Clementino, zona sul. "Estava vazio, mas o delegado disse que precisava ser em uma delegacia do centro por causa da localização do banco em que tenho conta." Ela, então, voltou ao DP da Sé, mas percebeu que ainda demoraria para ser chamada. Retornou ao trabalho, almoçou e deu uma volta pelo bairro da Liberdade. Às 20 horas, ainda não havia sido atendida. O gerente de Marketing Rafael Figueiredo, de 23 anos, aproveitou a hora do almoço para fazer o boletim de ocorrência no 4º Distrito Policial, na Consolação. Ele foi assaltado à mão armada na Avenida 9 de Julho, na região central, no domingo à tarde. Os ladrões levaram o celular e R$ 300. "Vim na segunda-feira, mas me disseram que eu não seria atendido por causa da greve." É a quarta vez que ele tem um celular roubado. "Nas outras vezes, nem fiz queixa por causa da burocracia." PASSEATA Na Baixada Santista, a decisão da associação de suspender a paralisação não mudou o rumo do movimento, segundo o Sindicato dos Funcionários da Polícia Civil do Estado de São Paulo na Região de Santos (Sinpolsan). O presidente da entidade, Décio Couto Clemente, disse que 10% dos policiais civis da região abandonaram a greve. De acordo com ele, os grevistas já se preparam para a passeata marcada para a sexta-feira, às 15 horas, na Avenida Paulista, na capital. "Já estamos com três ônibus lotados que devem sair de Santos às 11 horas." Ontem, cerca de 200 policiais civis se reuniram em assembléia realizada em Campinas, a 95 quilômetros de São Paulo. Segundo o presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Campinas e Região, Aparecido Lima de Carvalho, os policiais voltam a trabalhar até amanhã. "Vamos manter as faixas de greve, mas estamos divulgando essa suspensão temporária. Esperamos sensibilidade do governo para abrir negociações. Está na mão do governo, não mais nas nossas", disse Carvalho. O presidente da entidade afirmou que o número de atendimento no período de greve caiu em aproximadamente 50% em Campinas. "A população tem entendido nossa situação e cooperado, fazendo os boletins de ocorrência via internet." MARCELO GODOY, MÔNICA CARDOSO, REJANE LIMA E TATIANA FÁVARO

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.