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Governo do Rio vê motivo eleitoral em operação em Bangu

Por Agencia Estado
Atualização:

O secretário de Estado de Segurança Pública, Roberto Aguiar, voltou a criticar duramente a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Estadual (MPE), por causa da operação realizada na terça-feira no presídio Bangu 1, na zona oeste do Rio. Ele classificou a ação como "espetaculosa" e "alucinada". "Não há condições de ter dentro da segurança pública pessoas que querem os 15 minutos de glória. Qual o resultado prático dessa divulgação extemporânea? Cinco celulares e 28 canetas Bic. Isso não é resultado operacional de uma investigação de inteligência", disse ele. Na verdade, foram encontradas também drogas e facas improvisadas. O secretário vê motivações eleitorais por trás da operação e cobrou "relações mais francas" entre a PF e as polícias estaduais. "A tarefa de segurança não é tarefa de eleição. Se a gente condicionar o papel da segurança à eleição, estamos fazendo da morte e da violência uma mercadoria. Com isso, estamos fazendo do risco da população uma forma de ganhar a eleição. Tenho nojo disso, asco disso", declarou. Aguiar concordou com o secretário da Justiça, Paulo Saboya, que afirmou na quinta-feira, em Brasília, ter havido uma quebra no acordo que reuniu as polícias estaduais e federal em uma força tarefa. De acordo com Aguiar, a PF desrespeitou o princípio de integração ao usar informações colhidas pela Polícia Civil em uma investigação que a excluiu. O secretário afirma que os números dos celulares grampeados foram obtidos pela Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública e repassados para o MP e a PF, depois que a Justiça negou ao governo do estado um pedido de autorização de interceptação telefônica. "Desde quando pegamos investigações de outra polícia sem que ela saiba? No fundo queremos integração. A disputa é a morte da Segurança." Foram as gravações desses telefonemas, envolvendo principalmente a quadrilha do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, que levaram a juíza Sônia Maria Garcia Gomes Pinto, da 1ª Vara Criminal de Bangu, a conceder o mandado de busca e apreensão no presídio e determinar o afastamento de seu diretor, Durval Pereira da Costa, e de 98 agentes penitenciários. Foi ela também quem autorizou a escuta telefônica. "Não sei se isso favorece o Estado ou favorece o bandido", disse Aguiar sobre o resultado da operação, feita por quatro promotores com o apoio da PM. Para Aguiar, a divulgação jogou por terra o trabalho de investigação da polícia fluminense. "Se você ler as notícias, está lá: há um grande traficante de armas em São Paulo, chamado Rubinho, que a gente queria mapear. Agora não tem mais jeito. Vamos começar tudo do zero", criticou.

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