Governo federal enviará 36 médicos para atender venezuelanos em Roraima
Profissionais de saúde farão mutirões em nove abrigos de Boa Vista e Pacaraima e trabalharão de forma voluntária; em evento, presidente Michel Temer disse que fechamento de fronteira com a Venezuela é 'incogitável'
Por Renan Truffi
Atualização:
BRASÍLIA - O presidente Michel Temer(MDB) anunciou neste sábado, 25, o envio de uma missão médico-humanitária para Roraima em evento na sede do Ministério da Educação (MEC), em Brasília. Por meio da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), vinculada ao MEC, o governo federal irá mandar ao Estado 36 profissionais de saúde de hospitais universitários.
Os profissionais farão um mutirão em nove abrigos - oito em Boa Vista, capital do Estado, e um no município de Pacaraima -, entre os dias 27 de agosto e 1º de setembro. Todos os profissionais participam da missão como voluntários. Em Boa Vista, as ações serão voltadas aos imigrantes venezuelanos que ocupam abrigos. Já em Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, o foco será a vacinação dos imigrantes que chegam ao País.
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Durante a cerimônia, Temer voltou a dizer que as fronteiras brasileiras continuarão abertas em Roraima, apesar dos pedidos de parlamentares e da governadora do Estado, Suely Campos (PP), para que o governo bloqueie o fluxo migratório de venezuelanos para o País.
Temer disse que fechar as fronteiras em Roraima é algo "incogitável" pelo Palácio do Planalto porque seria um "ato desumano". Além disso, segundo ele, contrariaria os compromissos feitos pelo Brasil junto à Organização das Nações Unidas (ONU). "Temos feito o possível para atender a compromissos de natureza internacional", disse.
"Vez ou outra há uma sugestão, até pleiteada judicialmente, no sentido de fechar nossas fronteiras. Eu, desde o primeiro momento, disse que é incogitável e inegociável essa matéria. Nós não temos como fechar as fronteiras de nosso país sob pena de praticar um ato desumano em relação aos que vêm procurar abrigo no nosso país. Nossas fronteiras estão abertas, mas, é claro, disciplinadamente", disse.
Temer também reafirmou que as medidas tomadas pelo governo visam a garantir atendimento não apenas para os venezuelanos, mas também para os brasileiros que moram nas cidades afetadas. Ele destacou, mais uma vez, que este é um dos maiores fluxos migratórios registrados pelo governo brasileiro. Segundo as estatísticas oficiais, 127 mil venezuelanos já entraram no País, mas 60% deles usaram o Brasil como passagem e seguiram para países vizinhos.
A imigração venezuelana para o Brasil em 20 fotos
1 / 20A imigração venezuelana para o Brasil em 20 fotos
Roraima
Cerca de 40 mil imigrantes vivem atualmente em Boa Vista, capital de Roraima. Em um ano, chegada de venezuelanos aumentou em 10% a população da cidade... Foto: Werther Santana/EstadãoMais
Travessia
Cerca de 700 imigrantes fazem fila diariamente na fronteira da Venezuela com o Brasil, próximo ao município de Pacaraima, em Roraima Foto: Werther Santana/Estadão
Caminho
Após atravessarem a fronteira, muitos venezuelanos caminham por dias pela estrada até a chegada em Boa Vista. Foto: Werther Santana/Estadão
Carona
Na foto, a família de Francisco da Encarnación tenta conseguir uma carona pela BR-174 atéBoa Vista Foto: Werther Santana/Estadão
Abrigo
Os cinco abrigos de Boa Vista estão superlotados. Na foto, o abrigo do bairro Pintolândia, no qualimigrantes vivem dentrode um ginásio e em tendas no ... Foto: Werther Santana/EstadãoMais
Descanso
Nos abrigos, imigrantes dormem em colchões dispostos no chão ou em redes improvisadas Foto: Werther Santana/Estadão
Rotina
Na foto, imigrantes penduram roupas em ginásio transformado em abrigo pela Defesa Civil de Roraima Foto: Werther Santana/Estadão
Em praças
Com os abrigos lotados, imigrantes montaram barracas improvisadas nas praças, mas não contaram com a ajuda do poder público. Na Praça Simon Bolívar, p... Foto: Werther Santana/EstadãoMais
Falta de estrutura
Comércio no entorno de praça cobra R$ 3 para venezuelanos utilizarem banheiros. Sem alternativa, muitos procuram matagais próximos para urinar e defec... Foto: Werther Santana/EstadãoMais
Superlotação
Dentre os abrigos,a pior situação é a do localizado no bairro Pintolândia, que acolhe apenas venezuelanos indígenas. O local tem capacidade para 370 p... Foto: Werther Santana/EstadãoMais
Refeições
Na foto, venezuelanos esperam na fila para receber comida noGinásioTranquedo Neves, transformado em abrigo pela Defesa Civil em Boa Vista Foto: Werther Santana/Estadão
Refeições com sobras
Com a chegada de mais refugiados à cidade e a falta de vagas em abrigos, os que vivem em praças começaram a buscar alternativas para comer. Inicialmen... Foto: Werther Santana/EstadãoMais
Fechamento de fronteira
A governadora de Roraima, Suely Campos (PP), se encontrou na quinta-feira com a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), relatora da aç... Foto: Werther Santana/EstadãoMais
Higiene
Venezuelanos acampados em praça de Boa Vista andam mais de dois quilômetros até o Rio Branco para tomar banho ou lavar roupas. Foto: Werther Santana/Estadão
Comércio improvisado
Ruas do entorno do abrigo Tancredo Neves viraram uma espécie de feira ao ar livre de venezuelanos, com venda de alimentos e cigarros e prestação de se... Foto: Werther Santana/EstadãoMais
Trabalho
O trabalho autônomo foi a opção encontrada por imigrantes que não conseguem emprego na capital de Roraima. Alguns vendem os poucos itens que trouxeram... Foto: Werther Santana/EstadãoMais
Precarização
Outra mudança no mercado de trabalho de Boa Vista trazida pela imigração foi a redução no valor das diárias pagas a profissionais autônomos. Com muita... Foto: Werther Santana/EstadãoMais
Nas ruas
Venezuelanos trabalham nos faróis lavando os retrovisores de carros para ganhar trocados em Boa Vista Foto: Werther Santana/Estadão
Prostituição
Moradores contam que a presença de garotas de programa nas calçadas se intensificou com o aumento da imigração venezuelana na cidade. Antes, dizem ele... Foto: Werther Santana/EstadãoMais
Violência
Com o aumento da população, Boa Vista viu o número de ocorrências criminais dobrar. Mas apenas 0,5% dos crimes foi cometido por venezuelanos, segundo ... Foto: Werther Santana/EstadãoMais
O presidente rebateu novamente críticas de que o governo não está pondo recursos federais para contornar o problema na região. "Devo dizer que, de vez em quando, dizem que o governo não colocou um centavo em Roraima, mas preciso dizer que foram liberados mais de R$ 200 milhões por ministérios como Saúde e Educação. Quando repassamos essas verbas, estamos agindo em favor dos refugiados, mas também dos brasileiros", disse.
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"Foram R$ 187 milhões destinados apenas para a área da saúde", completou. Na quarta-feira, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Sérgio Etchegoyen, descartou a possibilidade de o governo federal repassar novos recursos para Roraima, como pleiteia a governadora, Suely Campos, que quer mais R$ 184 milhões para ressarcir o Estado dos gastos com os venezuelanos.
Ainda no evento, Temer ressaltou que o governo federal trabalha para desonerar o serviço público de Roraima e assim possibilitar que o atendimento aos brasileiros também prossiga. Ele citou que uma das ações do governo para ajudar na solução do problema tem sido a transferência de pessoas de Roraima para outros Estados.
A solenidade no MEC contou ainda com a participação do ministro da Defesa, Joaquim Silva e Luna, do ministro da Educação, Rossieli Soares, e do presidente da Rede Ebserh, Kleber Morais.