Governo federal não planeja ampliar auxílio a São Paulo

Em longa audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, garantiu que o conjunto de medidas em curso será suficiente para conter a onda de violência do PCC

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Por Agencia Estado
Atualização:

O governo federal não planeja ampliar, por enquanto, o auxílio acertado com o governo de São Paulo por causa das últimas ações do Primeiro Comando da Capital (PCC), entre as quais o seqüestro de uma equipe de reportagem da TV Globo no final de semana. Em longa audiência na tarde deste segunda-feira, 16, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, garantiu que o conjunto de medidas em curso, fruto da cooperação entre os dois governos, será suficiente para conter a onda de violência do PCC, que já dura três meses. Lula está particularmente preocupado com os estragos que a crise de segurança podem trazer à sua campanha eleitoral, já que o eleitorado identifica a corresponsabilidade federal com o problema. No encontro, Bastos explicou ao presidente que as medidas começam a dar resultados e o seqüestro é muito mais uma "manifestação de derrota" do que de força do PCC. "Foi um gesto de desespero que só demonstra que estamos no caminho certo", afirmou o ministro, conforme o relato de um assessor que teve acesso à reunião. Lula insistiu, todavia, que seja mantida de pé a oferta do envio de 10 mil homens do Exército para auxiliar os órgãos de segurança de São Paulo, caso a situação volte a recrudescer. Depois da reunião no Planalto, que durou cerca de três horas, Bastos foi para o Palácio da Alvorada e continuou a conversa com o presidente. Além de vários contatos telefônicos, essa é a terceira reunião que Lula mantém com o ministro desde o seqüestro, no sábado, de dois funcionários da Globo, o repórter Guilherme Portanova, libertado e o auxiliar técnico Alexandre Coelho Calado. Para o secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa, que auxilia Bastos no enfrentamento do problema, o que está ocorrendo é uma tentativa desesperada de intimidação das autoridades e da opinião pública, por conta da eficácia das medidas adotadas. "O endurecimento atingiu seu objetivo de causar dano e desconforto à estrutura criminosa, daí esse tipo de reação", afirmou. Corrêa previu que o efeito será o oposto do que os bandidos esperavam e, em vez de abrandamento, eles atrairão mais repressão, como ocorreu por ocasião do assassinato do jornalista Tim Lopes, da mesma emissora, em 2002. "Eles deram um tiro no pé, pois vão ampliar a mobilização social contra o crime e o respaldo das autoridades para aumentar a repressão ao crime", observou. Além da aprovação de R$ 107 milhões por medida provisória, em julho, dos quais R$ 44 milhões já transferidos, o governo federal está auxiliando o governo paulista com ações de inteligência e operações pontuais das Polícias Federal e Rodoviária no combate ao tráfico de armas e ao crime organizado. A União também emprestou equipamentos e programas de alta tecnologia para auxiliar nas investigações. Nesta segunda, foi firmado um convênio no valor de R$ 2 milhões para a realização de um mutirão de análise dos processos judiciais de presos de estado, que possui mais de 40% da população carcerária do País. O objetivo é libertar os que tenham direito à progressão de pena e, com isso, reduzir a tensão nas penitenciárias paulistas, fonte de poder do PCC. Com a ajuda federal, São Paulo vai construir dois centros de detenção provisória, em Franca e Serra Azul, com capacidade para 768 vagas, cada. Serão também adquiridos equipamentos de segurança e inteligência, além de veículos, aparelhos de raio-x, detectores de metais de grande e médio porte, entre outros.

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