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Governo federal prevê migração do crime do RJ para SP

Por Agencia Estado
Atualização:

Com a atuação da força-tarefa, o governo já prevê uma migração da criminalidade do Rio de Janeiro para São Paulo. Apesar de os serviços de inteligência da Polícia Federal e do próprio Palácio do Planalto não ter identificado ainda a mudança, integrantes da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) já estão trabalhando com essa possibilidade, a tal ponto que o Ministério da Justiça pensa em ampliar o trabalho do grupo para outras regiões. Hoje, o coordenador da força-tarefa, delegado Getúlio Bezerra, afirmou se aborreceu com a cobrança de resultados. "Não sou o salvador da Pátria e nem o xerife do Rio", afirmou. Pela avaliação do governo, além do narcotráfico, o roubo de cargas e assaltos a bancos serão os principais crimes que provavelmente migrarão para São Paulo. "Esse será o caminho natural da criminalidade do Rio, por causa da repressão que já começa a mostrar resultados", afirma o diretor do Departamento de Articulação das Ações Policiais Integradas da Senasp, delegado Antônio Carlos Castro Machado, ex-diretor da Polícia Civil de São Paulo. "Nossa área de inteligência ainda não tem informações sobre isso, mas essa é uma possibilidade óbvia, já que a criminalidade não é estática." Tanto Machado quanto Getúlio Bezerra afirmam que as operações no Rio estão tendo resultados concretos, apesar de não revelarem quais seriam. "A população vai sentir com o tempo", afirmou Bezerra, que não quis fazer previsão de em quantos meses o trabalho será concretizado: "Não posso queimar etapas." Mas garantiu várias operações - que também evitou detalhar durante o encontro nacional de delegados de entorpecentes e drogas afins, realizado pela Senasp, em Brasília. Na reunião, que terminou hoje, 55 policiais de todos os Estados brasileiros fizeram uma carta de intenções para o governo federal melhorar sua atuação no combate ao crime organizado. Entre os dez itens do documento, os delegados pedem acesso on-line a dados importantes para as investigações, como de companhias telefônicas, conselhos regionais de profissionais liberais, instituições financeiras, juntas comerciais, receitas estadual e federal, companhias de energia elétrica e de água, além de registro de imóveis. Os delegados também pediram que todas as secretarias estaduais de Segurança Pública usem uma única nomemclatura para seus departamentos, divisões e delegacias especializadas de combate ao narcotráfico e o aperfeiçoamento do Sistema Nacional de Repressão à Entorpecentes (Sindre), inclusive anexando fotos e impressões digitais dos procurados. Segundo o documento, é necessário que o Congresso mude a legislação, para que as polícias possam expedir mandados de busca e apreensão. Hoje, isso só pode ser feito pelo Poder Judiciário.

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