Governo monta plano de emergência e promete rigor para conter greve no setor aéreo

Auxiliares diretos do presidente Lula disseram que 'governo não vai assistir de braços cruzados quem quiser prejudicar a população'

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Por Tania Monteiro e da Agência Estado
Atualização:

BRASÍLIA - O governo montou um plano de emergência com objetivo de tentar esvaziar a greve dos aeronautas e aeroviários marcada para esta quinta-feira em todo o País e também começa a fazer ameaças aos que estiverem decididos a prejudicar a população que está preparada para viajar para as festas de final de ano. Para garantir o direito de quem quiser trabalhar, o Comando da Aeronáutica vai abrir as suas bases aéreas para a entrada dos funcionários de terra e de ar que forem impedidos de ingressar nos aeroportos pelos piqueteiros de plantão.

 

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Embora o governo não tenha criado nenhum gabinete de crise para acompanhar o assunto, no Palácio do Planalto os auxiliares diretos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva avisam que "o governo não vai assistir de braços cruzados quem quiser prejudicar a população". Lembram que se trata de um serviço essencial e que a paralisação "é uma irresponsabilidade" e "uma agressão ao Natal de milhões de brasileiros".

 

A Polícia da Aeronáutica também estará de prontidão amanhã em todo o País para impedir qualquer tipo de invasão de pistas pelos manifestantes e assegurar a determinação do governo de agir com rigor para evitar problemas de segurança às aeronaves. A Aeronáutica só atua na proteção das pistas de pouso, mas não trabalha na segurança interna dos aeroportos, tarefa que cabe à Polícia Federal. Do lado de fora dos aeroportos, o controle de manifestações é feito pelas polícias militares dos Estados.

 

Também ficou decidido haver ampliação em 15% no número de controladores de voos trabalhando a partir desta quinta-feira, em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo a Força Aérea. O efetivo é considerado suficiente para atender a quantidade de voos que estão previstos, conforme dados repassados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) à FAB.

 

Com a possibilidade de ingresso dos trabalhadores do setor pelas bases aéreas que funcionam em conjunto com os aeroportos civis, o governo espera evitar que aeroviários e aeronautas que desejam trabalhar sejam impedidos, principalmente nas cidades que têm as maiores movimentações. Isso vale, por exemplo, para os aeroportos de Guarulhos e Congonhas, em São Paulo; de Brasília; no Galeão, no Rio de Janeiro; além de Natal, Salvador, Manaus, Recife e Florianópolis. No caso do Santos Dumont, no centro do Rio, os funcionários das companhias aéreas poderão entrar, em última instância, pela sede do 3º Comando Aéreo. Nos demais aeroportos, serão montados esquemas com as polícias para evitar que os piquetes atrapalhem.

 

Nesta quarta-feira, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, procurou os dirigentes das empresas aéreas e pediu que eles façam "esforço adicional em busca de acordo com os sindicatos de trabalhadores do setor", de modo a afastar a ameaça de greve marcada para esta quinta-feira. Jobim conversou ainda com o presidente da Federação Nacional de Aeronautas, Aeroviários e Aeroportuários (FNAAA), Celso Klafk, que lhe informou que "não houve avanço" na negociação de terça-feira com a categoria, coordenada pelo Ministério Público do Trabalho.

 

No final da manhã, Jobim convocou a diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Solange Vieira, o presidente da Infraero, Murilo Barboza, a secretária de Aviação Civil, Fabiana Todesco e o consultor jurídico do ministério da Defesa, Vilson Marcelo Malchow, além do comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, para discutir medidas que poderiam ser adotadas para conter a crise e diminuir os transtornos aos passageiros. Jobim conversou também com os presidentes da TAM, Líbano Barroso, e da Gol, Constantino Júnior. O ministro falou da sua preocupação com o risco de paralisação e pediu que as empresas fizessem mais esforços para chegar a entendimento com os empregados. Segundo o ministério, Jobim "recebeu sinalização positiva dos empresários".

 

O ministério da Defesa informou, ainda, que solicitou às autoridades policiais a preparação de um esquema preventivo de segurança que garanta a ordem nos aeroportos. O objetivo é assegurar a segurança dos passageiros e o patrimônio público da estrutura aeroviária e aeroportuária.

 

Nas avaliações realizadas no final da tarde desta quarta-feira, o governo estava um pouco mais otimista. A avaliação foi de que a adesão pode não ser tão grande como anunciam os sindicatos dos trabalhadores. O ânimo veio depois do que classificaram de "pequeno apoio" à manifestação realizada no Galeão.

 

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Apesar de correr atrás do prejuízo nesta quarta-feira, até então o governo estava caminhando devagar na adoção de medidas para tentar conter o caos, limitando-se a conversas com o Ministério Público do Trabalho e no preparo de medida cautelar contra os sindicatos de patrões e empregados para combater a greve. A alegação era que como se tratava de uma discussão salarial, não era possível o governo interferir.

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A presidente eleita, Dilma Rousseff, envolvida até o pescoço com o imbróglio da nomeação dos novos ministros, só se deparou com o problema na noite de terça, quando foi finalizar a escolha do ministro de portos e aeroportos. Diante da iminência de um novo caos aéreo, e da recusa do PSB em assumir o problema, Dilma convocou Jobim e o avisou que ele continuaria com a responsabilidade do assunto, apesar de a própria Defesa já estar um pouco desmobilizada em relação ao assunto. "A impressão era de que o setor aéreo tinha virado um filho sem pai", comentou uma autoridade do governo, preocupada com a desarticulação que estava ocorrendo entre Defesa, Anac e Infraero, por causa da iminência da saída da aviação civil do Ministério militar.

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