Um dia após o cancelamento de vôos em três dos principais aeroportos do País, provocado por uma pane no sistema de comunicações do centro de controle Cindacta-1 (Brasília), o Palácio do Planalto tenta passar a idéia de que controla a situação e não vai improvisar medidas. "Não pode haver uma pressa neurótica e temperamental. É preciso uma ação entre técnica e científica para preservar a vida (dos passageiros de aviões)", disse nessa quarta-feira o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro. O governo continua rejeitando a hipótese de que teria ocorrido sabotagem no equipamento de comunicações do Cindacta-1, embora a Aeronáutica tenha aberto sindicância para investigar o problema, que paralisou o tráfego aéreo e só foi resolvido no final da noite de terça. Nesta quarta-feira, ainda havia atrasos em vôos em vários aeroportos. "A informação que temos é de que se tratou de uma pane técnica no sistema", disse Genro a jornalistas no Palácio do Planalto, repetindo avaliação feita na véspera pelo comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno. O ministro admitiu que a crise no setor aéreo, iniciada em outubro, logo depois do acidente com o avião da Gol que deixou 154 mortos, gera um desgaste político e de imagem para o governo. "O governo tem de escolher entre garantir a vida dos passageiros e não sofrer um desgaste político. É preferível preservar a vida dos passageiros", afirmou. O ministro respondeu com ironia a um jornalista que perguntou se ele estaria sendo transferido para o Ministério da Defesa, no lugar de Waldir Pires, que tem sido criticado no Congresso pela condução da crise. "Eu sempre joguei no ataque", disse Genro.