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Governo quer aumentar pista auxiliar de aeroporto paulistano

Medida envolve desapropriações; secretária e ministro sugerem obras a curto prazo, com apoio de empresas

Por Luciana Nunes Leal e
Atualização:

Na reunião de ontem com as empresas, uma das obras citadas pela secretária de Aviação Civil, Solange Paiva Vieira, para aprimorar a infra-estrutura dos aeroportos brasileiros a curto prazo é o alongamento da pista auxiliar de Congonhas, atualmente subutilizada. A medida implicaria desapropriações de imóveis instalados em uma pequena área próxima do aeroporto. A vantagem do alongamento seria permitir que aviões comerciais usassem a pista auxiliar, hoje utilizada apenas pela aviação geral, de jatos particulares e táxis aéreos. Os estudos já estão sendo feitos pelo Ministério da Defesa. O ministro Nelson Jobim aproveitou para pedir aos empresários que participem dessas discussões, que devem melhorar a infra-estrutura dos aeroportos "nos próximos dois a três anos". A idéia é que eles apresentem sugestões "desde o problema do degrau até a dificuldade de decolagem". Foi dito aos empresários, porém, que está descartada a possibilidade de instalação de cimento poroso nas extremidades da pista principal, uma forma de evitar acidentes em que os aviões atravessam a pista, como ocorreu no acidente do Airbus da TAM este ano. Houve uma avaliação dos técnicos de que o concreto nas extremidades diminuiria o espaço disponível para o pouso. O mais provável é que o cimento de segurança seja colocado no espaço entre a pista principal e a auxiliar, o que ajudaria a preservar o terminal de passageiros, em caso de derrapagem e perda de controle do avião. Jobim disse aos empresários que espera "sinceridade e transparência" nas discussões sobre as medidas para melhorar o atendimento aos passageiros. "A eficácia da nossa ação é condição básica para a eficácia dos senhores. Estamos no mesmo barco", afirmou o ministro. ACIDENTE O vice-presidente de Manutenção da TAM, Ruy Amparo, prestou ontem depoimento à polícia sobre a tragédia com o Airbus da companhia, que deixou 199 mortos em 17 de julho. Amparo disse que só após o acidente é que recebeu da fabricante do jato o comunicado de segurança que recomendava a instalação de um alerta sonoro nas aeronaves. O dispositivo é acionado automaticamente toda vez que os manetes (aceleradores) ficam em posição errada. Pela análise da caixa-preta do Airbus, um erro de operação das alavancas teria desencadeado a tragédia. Durante as pouco mais de três horas de interrogatório, o executivo da TAM repetiu o que já havia dito à comissão parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo. Reafirmou que o avião não estava acima do peso e poderia pousar em Congonhas na chuva mesmo com um reversor (freio aerodinâmico) travado.

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