PUBLICIDADE

Governo quer transferir mil venezuelanos para outros Estados

Número foi acertado pela comissão interministerial enviada a Roraima; ainda não há definição sobre as cidades que receberão os estrangeiros

Foto do author Julia Lindner
Por Julia Lindner e Tania Monteiro
Atualização:

BRASÍLIA - Com o objetivo de intensificar o processo de interiorização de refugiados pelo País, o governo federal quer realizar, até o final do mês, a transferência de mil venezuelanos de Roraima para outros Estados. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do Ministério da Casa Civil na noite desta terça-feira, 21. 

O número foi acertado pela comissão interministerial enviada nesta segunda pelo governo a Roraima para buscar soluções para a crise deflagrada no último final de semana, quando venezuelanos foram atacados por brasileiros. A definição das cidades que receberão os migrantes na próxima semana será alinhada a partir desta quarta, com o retorno da comissão a Brasília.

Pacaraima, cidade brasileira na fronteira com a Venezuela Foto: Nilton Fukuda/Estadão

PUBLICIDADE

Até o momento, de acordo com dados da Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), 820 migrantes já foram enviados para outras regiões do País desde abril. Após os conflitos recentes e a pressão sobre o governo, a ideia do Palácio do Planalto é passar a transferir, em média, 600 por mês. Para isso, será preciso identificar nas secretarias municipais e organizações não-governamentais (ONGs) locais com capacidade para abrigar os migrantes.

Em reunião realizada no último final de semana com o presidente Michel Temer, ficou decidido o envio de mais 120 homens da Força Nacional para o Estado, que vão se juntar aos 31 policiais que já estão no local. Além disso, o governo federal anunciou, por meio de nota, o reforço de 36 voluntários na área de saúde.

Pressão sobre fronteiras

Após os conflitos entre brasileiros e venezuelanos, aumentou a pressão sobre o governo pelo fechamento da fronteira entre os países, no Estado de Roraima. O impasse na região virou alvo de disputa política. 

Nesta segunda, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (MDB-RR), sugeriu ao presidente Michel Temer o bloqueio da entrada na fronteira de forma temporária. Jucá também anunciou à imprensa que apresentará uma proposta ao Senado para estabelecer "cotas" para a entrada de refugiados no País. O senador aparece em terceiro lugar em pesquisa de intenção de voto divulgada pelo Ibope.

Publicidade

De outro lado, a governadora do Estado, Suely Campos (PP), que é adversária política de Jucá, já vinha pedindo o fechamento da fronteira nas últimas semanas e protocolou na segunda-feira novo pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF). Ela apresenta altos índices de rejeição nas pesquisas e tem acusado o governo de omissão diante da situação no Estado. 

Até o momento, o governo está resistindo às ofensivas, mas passou a considerar a possibilidade apresentada por Jucá para medir a reação da população e, só então, tomar uma decisão. 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.