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Governo segurou gastos para fazer superávit

Por Lu Aiko Otta e BRASÍLIA
Atualização:

O abandono financeiro de programas emblemáticos do governo foi uma estratégia deliberada da equipe econômica para garantir o cumprimento da meta de superávit primário das contas públicas. Diante do cobertor curto, a opção foi quitar gastos pendentes de 2010 e segurar despesas novas programadas no Orçamento de 2011. Findo o primeiro quadrimestre e tendo a meta de resultado primário (receitas menos despesas, exceto juros) do governo federal sido cumprida com folga de R$ 17,8 bilhões, a administração do caixa federal vai mudar. O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, já avisou que o governo economizará menos ao longo dos próximos meses. Assim, investimentos e programas novos poderão sair do papel. De janeiro a abril, o governo investiu R$ 13,381 bilhões, dos quais apenas R$ 685,808 milhões são despesas programadas no Orçamento de 2011, que reflete as prioridades do governo de Dilma Rousseff. O valor restante, R$ 12,695 bilhões, foram desembolsados para pagar gastos contratados no ano passado, os chamados "restos a pagar" deixados pela administração de Luiz Inácio Lula da Silva.Os gastos baixos em programas novos podem ter ainda outra explicação: a dificuldade da máquina pública em funcionar no início de um novo governo.Muitas vezes, os programas ditos prioritários ficam à espera da nomeação de um responsável, que vai assumir o posto e iniciar estudos para só depois definir que medidas serão tomadas. Isso significa uma demora de meses até que promessas de campanha sejam concretizadas. E é sabido que, em pleno mês de junho, as nomeações do segundo escalão do governo de Dilma ainda são objeto de disputa na base governista. Gastos. Mesmo com a máquina funcionando a meia carga e com programas ainda por sair do papel, as despesas de custeio e investimento do governo registraram aumento de 9% no primeiro quadrimestre, em comparação com os primeiros quatro meses de 2010. Os gastos continuam crescendo a um ritmo superior ao do Produto Interno Bruto (PIB), que deverá expandir-se entre 4% e 4,5% neste ano, segundo estimativas do governo.

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