Greve de controladores fecha todos os aeroportos do País

Controladores reivindicam desmilitarização do setor e melhoria nos equipamentos

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Por Agencia Estado
Atualização:

Depois de meses de queda-de-braço com as autoridades aéreas, os controladores de vôo radicalizaram e decidiram paralisar as operações aéreas em todo o País a partir das 18h45 desta sexta-feira. A Infraero confirmou que todos os aeroportos do país estão fechados. Segundo a Infraero, estão sendo autorizados os pousos apenas dos vôos que já estão no ar. As decolagens não estão sendo permitidas. Em Brasília, a paralisação nas decolagens começou às 18h44. Os controladores exigem a desmilitarização do trafego aéreo, melhoria dos equipamentos e criação de uma carreira de Estado. Na terça-feira, o presidente Lula exigiu soluções imediatas, com dia e hora para serem anunciadas. Por volta das 20h30, uma procuradora da Justiça Militar às instalações do Cindacta 1, em Brasília, para conversar com os controladores. O aparato militar montado nas imediações do Cindacta indicam que as autoridades militares poderão dar voz de prisão aos controles militares. Segundo o Jornal Nacional, da Rede Globo, pelo menos 18 controladores foram presos em Brasília. A paralisação em todo o País foi o segundo passo de uma mobilização que começou no fim da manhã em Brasília, quando cerca de 200 controladores se aquartelaram e iniciaram uma greve de fome. A decisão de interromper as atividades em todo o Brasil ocorreu na própria sede do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (Cindacta 1), em Brasília, depois que os sargentos foram advertidos pelo próprio comandante da unidade, coronel Carlos Aquino, para que refletissem sobre o aquartelamento. O coronel avisou que não hesitaria em "usar o regulamento" e lembrou que os subordinados poderiam ser enquadrados por promoverem um motim. Irritados com as ameaças, os controladores resolveram suspender a greve de fome e partir para a paralisação total dos vôos. Estopim O estopim para o início da movimentação foi a transferência obrigatória do sargento controlador Edileuso do Cindacta1 para o centro de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Segundo a Aeronáutica, "por necessidade do serviço". O sargento Edileuso era diretor de mobilização da Associação Brasileira dos Controladores de Vôo. Na manhã de ontem, convocados por seus chefes, os sargentos participaram de uma formatura pelo Dia do Meteorologista, e decidiram que, a partir dali, que permaneceriam nas unidades, iniciando uma espécie de auto-aquartelamento. Às 15 horas, a turma que trabalhava pela manhã deveria deixar o serviço. Mas eles decidiram ficar no Cindacta, engrossando o movimento. Além dos militares de Brasília, seguiram o mesmo caminho os controladores de Manaus, Salvador, Curitiba e do Galeão, no Rio de Janeiro. Enquanto isso, a FAB, oficialmente, dizia ignorar o movimento, alegando que não havia ninguém no quartel que não fossem as pessoas que estavam trabalhando. Por volta das 15h30, o comandante do Cindacta 1 reuniu os sargentos pedindo que eles voltassem atrás no movimento, que desistissem de dormir no quartel e que fossem pra casa descansar, para não enquadrados em insubordinação e motim. Nenhum controlador respondeu a uma única pergunta do coronel Aquino e voltaram a se reunir quando decidiram pela radicalização, suspendendo a greve de fome e partindo para a paralisação dos vôos. Por volta das 18h50, os controladores de vôo comunicaram às chefias do Cindacta-1 de Brasília, que iam paralisar suas operações e que só iriam autorizar o pouso dos aviões que já estavam no ar ou que estivessem em emergência ou transporte de transplantados o pacientes. Exigiam a presença de uma autoridade do primeiro escalão para negociar. Sem solução Nesta tarde, o ministro da Defesa, Waldir Pires, fez uma reunião em Brasília com a cúpula do setor aéreo para discutir a nova crise com a paralisação dos controladores. Em entrevista após a reunião, Pires disse que as soluções para o setor de tráfego aéreo não são instantâneas e o governo não vai negociar com os controladores. O ministro disse ainda que os problemas no controle do tráfego aéreo "são fatos antigos, vêm de decênios" e acrescentou que "estão sendo estudadas soluções" para serem encaminhadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As soluções, segundo ele, podem sair a qualquer momento, mas fez a ressalva de que não tem "condições de dizer o dia e a hora". "É preciso ter paciência. Toda vez que houve impaciência neste país, houve retrocesso", afirmou ainda ministro, sinalizando que o governo prepara medidas para desmilitarizar o controle do tráfego aéreo brasileiro. Colaborou Vannildo Mendes

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