23 de outubro de 2010 | 00h00
Os ativistas de direitos humanos Paulo Fonteles Filho e Diva Santana, envolvidos no trabalho de buscas de informações sobre os corpos de guerrilheiros, foram cautelosos ao comentar a localização dos restos mortais em Xambioá. Não há indícios de que o cadáver possa ser de um integrante da guerrilha.
A chuva que caiu na tarde de ontem tarde paralisou o trabalho dos peritos. Neste fim de semana, os técnicos vão decidir se os restos mortais devem ser retirados do cemitério para análises de laboratório.
A indicação da área em que os restos mortais foram encontrados foi repassada por um ex-mateiro e um ex-coveiro à Associação dos Torturados na Guerrilha do Araguaia, que reúne agricultores pobres da região onde ocorreu o movimento de luta armada. Pedro Moraes e Sezostryz Alves, representantes da associação, têm mobilizado agricultores para dar informações sobre possíveis sepulturas de guerrilheiros.
Buscas. Desde junho de 2009, o GTT fez escavações em possíveis locais de sepultamento. O trabalho atende a uma determinação da Justiça, que exige da União a entrega dos restos mortais dos guerrilheiros às famílias. No ano passado, o Estado divulgou reportagens com apontamentos de locais onde guerrilheiros foram executados. No sítio Tabocão, em Brejo Grande do Araguaia, a empresária Maria Mercês de Castro, irmã do guerrilheiro Raul, encontrou restos mortais que estão sendo analisados em laboratório de Brasília.
O Estado também apontou como locais de execução o sítio Manezinho das Duas, em Brejo Grande do Araguaia, que ainda não foi investigado pelo GTT, e a Clareira do Cabo Rosa, também no município. Neste último local, os técnicos disseram que houve mudança brusca no terreno que está prejudicando a localização de restos mortais.
Dos 69 guerrilheiros mortos no Araguaia, apenas dois tiveram os corpos reconhecidos oficialmente. Os restos mortais de Maria Lúcia Petit foram entregues à família em 1996.
No ano passado, o Estado revelou que o governo mantinha em uma sala do Ministério da Justiça, em Brasília, os restos mortais de dez guerrilheiros, retirados nos anos 1990 de cemitérios da região do Araguaia. Em meio à pressão, o secretário de Direitos Humanos, Paulo Vanucchi, foi obrigado a reconhecer o corpo de Bérgson Gurjão Farias, sepultado há um ano no Ceará.
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