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Guerra do PCC já conta 32 mortos em 69 ataques

18 penitenciárias e centros de detenção continuavam dominados por presos na noite deste sábado. Os mortos são 27 policiais, 4 criminosos e um civil

Por Agencia Estado
Atualização:

Chegou a 32 o número de mortos em conseqüência dos ataques organizados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) contra instalações policiais no Estado de São Paulo. Na noite deste sábado, 13, os criminosos fizeram novos atentados, totalizando 69 ações desde a noite de sexta-feira. Os mortos nos atentados são 27 policiais, 4 criminosos e um civil; 27 pessoas ficaram feridas. A polícia prendeu 17 suspeitos. Além disso, 18 unidades prisionais, entre penitenciárias e centros de detenção, continuavam dominados por presos rebelados, também sob a articulação do PCC. Desde sexta-feira 25 unidades em 24 municípios foram tomadas por motins. Ao todo, 24.472 detentos se rebelaram e fizeram 174 reféns. Também centenas de parentes que visitavam os presos foram retidos. Nas sete unidades onde os motins foram controlados, 44 reféns foram soltos. Ataques A morte mais recente foi a do agente de segurança da penitenciária de Araraquara, João Francisco Fernandes, 41 anos. Ele foi atingido por tiros pouco antes das 20 horas deste sábado, dentro sua lanchonete no Jardim Iguatemi, naquela cidade. Os tiros foram disparados por um motoqueiro e a polícia não tem pistas do assassino. Os presos continuam amotinados na penitenciária de Araraquara. As negociações entre a polícia e os rebelados foram interrompidas por volta das 19 horas deste sábado. Em São José do Rio Preto, o agente penitenciário Juvenal Della Colleta Junior, de 54 anos, foi baleado no estômago por volta das 21 horas, quando fazia o plantão na portaria do Instituto Penal Agrícola (IPA). Juvenal foi atingido por atiradores que passaram de motocicleta na frente do IPA e fugiram. O estado de saúde do agente, que internado no Hospital de Base, é considerado grave. Ainda nesta noite, desconhecidos dispararam vários tiros contra o prédio do 4º Distrito Policial da cidade. Em São Vicente, o carcereiro João Marcos Fernandes, que atuava no 1º Distrito Policial de São Vicente, foi morto a tiros, por volta das 19 horas deste sábado, na Praça Primeiro de Maio. O crime foi atribuído ao PCC. Outro policial, ainda não identificado, teria sido atingido de raspão pelos marginais que, segundo testemunhas, pegaram os policiais de surpresa, não dando chances para que ambos se defendessem. As duas vitimas foram encaminhadas ao Centro de Referência em Emergência e Internação (CREI), onde o carcereiro, conhecido como Marquinhos, chegou morto. Foi reforçado o policiamento nas unidades prisionais de São Vicente, especialmente nas penitenciárias localizadas na área continental da cidade. Rebeliões Estavam rebelados, até por volta das 22 horas deste sábado, os presos de unidades prisionais de Ribeirão Preto, Pirajuí, Araraquara, Flórida Paulista, Lucélia, Lavínia, Mogi das Cruzes, Suzano, Marabá Paulista, Campinas, Diadema, Franco da Rocha, Riolândia, Potim, Irapuru, São José do Rio Preto, Paraguaçu Paulista e do CDP de Osasco. Os motins em Presidente Prudente, Serra Azul, Itirapina, Avaré (duas unidades), Iaras e Guareí já haviam sido controlados. Em pelo menos três das unidades ainda sob motim, Lavínia, Flórida Paulista e São José do Rio Preto, os detentos retinham centenas de pessoas que foram visitar familiares. O horário de encerramento das visitas terminou às 15h45, mas a maioria delas não saiu. No Centro de Detenção Provisória (CDP) de São José do Rio Preto os detentos liberaram crianças e idosos mas seguram dentro do presídio cerca de 200 pessoas. Em Lavínia, haveria pelo menos 80 parentes de detentos que não foram liberados. Um número não revelado de visitantes estaria nas dependências internas da Penitenciária de Flórida Paulista. Bloqueios O trânsito na cidade de São Paulo ficou carregado na tarde e na noite deste sábado devido a vários bloqueios montados pela Polícia Militar. Durante a tarde, as blitze foram feitas nas pontes da Freguesia do Ó, Piqueri e Anhangüera, todas na zona norte da capital. Durante a noite, a polícia continuou fazendo bloqueios em várias partes da cidade, principalmente nas pontes das marginais Tietê e Pinheiros. A revista dos policiais visa procurar armas, além de checar documentos dos motoristas. Marcola O líder do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, já está na Penitenciária de Presidente Bernardes, para onde foi transferido sob regime diferenciado de detenção. Conversas telefônicas entre detentos de penitenciárias da região noroeste do Estado, grampeadas pelo Departamento de Polícia do Interior (Deinter-5), de São José do Rio Preto, identificaram que a ordem dos ataques foi dada por Marcola, em resposta à transferência de líderes da facção para São Paulo e de 765 criminosos perigosos de várias prisões do Estado para a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau. Marcola também teria ordenado a rebelião na Penitenciária de Valparaíso, onde 951 detentos estão dormindo ao relento porque o presídio teve suas dependências internas totalmente destruídas. Plano Em entrevista coletiva neste sábado, o governador de São Paulo, Claudio Lembo, afirmou que sabia, desde a noite de quinta-feira, que os criminosos ligados ao PCC planejavam ataques e que várias medidas foram tomadas, o que teria evitado um número maior de mortos. Movimento só perde para 2001 Esta é a segunda maior ocorrência de rebeliões simultâneas na história do Estado. Em fevereiro de 2001, 25 presídios e 4 cadeias foram tomados por motins organizados pelo PCC. O movimento deixou pelo menos 16 presos mortos e teve a participação de 25% dos 94 mil detentos do Estado. * Chico Siqueira, José Ângelo Santilli, Zuleide de Barros, Solange Spigliatti, Márcia Furlan, Marcelo Godoy, Rita Magalhães, Mauro Mug, Patrícia Junqueira, David Moisés e Josmar Josino Texto atualizado às 23h30

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