Guerra do tráfico deixa 14 mortos no Rio de Janeiro

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Por Agencia Estado
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A guerra do tráfico de drogas no Rio fez quatorze mortos, entre eles um garoto de 14 anos, entre a noite de quarta-feira e a de quinta-feira. Uma das pessoas assassinadas era inocente e as demais, traficantes, conforme a versão da polícia. Um menino de onze anos e um homem também sem envolvimento com o crime ficaram feridos. Em cinco horas, houve duas execuções: uma na favela Três Pontes, em Santa Cruz, zona oeste da capital, e outra no Conjunto Esperança, no Complexo da Maré, na zona norte. À noite, houve nova matança em Três Pontes. Na primeira execução, seis pessoas foram atacadas, enquanto dormiam, por um grupo de sete homens que invadiu cinco casas da Rua Alzira Rosa de Jesus. Uma rivalidade antiga pode ter sido a causa da chacina. Outra possibilidade é que a motivação tenha sido a disputa por pontos de venda de drogas entre facções criminosas diferentes. Segundo a PM, a ação, foi liderada por bandido identificado apenas como Jairo, que teria sido expulso da favela, há alguns meses, por criminosos rivais. Pelo menos quatro dos mortos ajudaram o grupo a tirar Jairo de lá. O menino W.D.S., de oito anos, e as irmãs L.D.S. e T.D.S., de seis e cinco anos, filhos de uma das vítimas, Flor de Lis de Souza, de 30, presenciaram a morte da mãe. Eles dormiam com ela quando a casa foi invadida por dois homens, que arrombaram a porta e apontaram as armas para Flor de Lis e até mesmo para W. Ainda sem se dar conta do que tinha acontecido, o garoto revelou com detalhes como foi o ataque à sua casa. ?Eu estava acordado. Um deles (Jairo) apontou a arma para minha mãe e?perguntou: ?Você me conhece? Eu sou o dono dessa casa.? Ele deu um monte de tiros nela e foi embora. Peguei minhas irmãs e corri para a vizinha?, contou. A menina L., também sem entender direito o que havia se passado, continuou o relato: ?Minha mãe disse para eles que era cristã e que não tinha feito nada. Quando ela morreu, cobri seu corpo com o cobertor e fiquei chorando.? A casa de Flor de Lis seria a antiga moradia de Jairo, de acordo com a PM. Vizinhos disseram que a mulher se mudara para a residência havia cerca de quatro meses, que ela era evangélica e não tinha envolvimento com traficantes. No entanto, a polícia informou que Flor de Lis já tinha sido presa por tráfico. W. disse que a casa foi dada à mãe por Tiago da Silva Nunes, de 18 anos, padrasto das crianças e traficante, que também foi assassinado. Ele morreu junto com o pai, Ademir da Silva Nunes, de 53 anos, em outra casa. Apesar de ter dois filhos bandidos, Nunes nunca teria praticado crimes, segundo investigações preliminares. As outras vítimas foram: Flávio da Silva Nunes (irmão de Tiago), de 22 anos, Rafael de Lima Mendes, de 18, e Wagner Pires de Moraes, de 20. Os três são suspeitos de participação no tráfico. Às 19 horas de ontem, três homens foram mortos na Avenida do Contorno, na Favela Três Pontes. Os corpos estavam na rua, em frente aos números 49, 53 e 56, o que, segundo a polícia, indica que as vítimas tentaram fugir dos seus agressores. Os homens não haviam sido identificados até as 21 horas. Na Maré, cinco supostos traficantes, sendo um deles um garoto de 14 anos, morreram num tiroteio com policiais militares do batalhão que funciona no complexo. Dois moradores ficaram feridos sem gravidade e foram levados para o Hospital Geral de Bonsucesso: Francisco Marcelo Alves Guimarães, de onze anos, ferido por estilhaços de balas nas pernas e nos braços, e Ednaldo da Conceição, de 26 anos, atingido por um tiro nas nádegas. O garoto recebeu alta do hospital ainda ontem e o rapaz permanecia lá até o fim da tarde, mas fora de perigo. O coronel Álvaro Rodrigues, comandante do batalhão, disse que o menor que morreu e os outros quatro homens trocaram tiros com os policiais. Somente um deles teve a identidade divulgada: Carlos Eduardo Néri da Conceição, de 29 anos, conhecido como Macumba, que é apontado como um dos principais aliados de Paulo César da Silva Santos, o Linho, traficante mais procurado do Estado. Com os bandidos foram encontrados dois fuzis M-16, três celulares, carregadores para fuzil, uma granada e grande quantidade de munição. O confronto foi às 23 horas de quarta-feira. Os policiais patrulhavam a região em decorrência do incidente ocorrido na noite anterior, quando a cabeleireira Simere de Oliveira, que passava de carro pela Linha Amarela, morreu ao ser atingida por um tiro na cabeça. A mesma bala feriu ainda seu marido, o pastor Délio Pereira Amaral. Outras seis pessoas também ficaram feridas. Todas estão fora de perigo. Por ordem do secretário de Segurança Pública, Anthony Garotinho, o número de policiais destacados para patrulhar a região foi aumentado de 100 para 240. Garotinho determinou também que os PMs fiquem mais afastados da Linha Amarela para evitar que motoristas sejam feridos por balas perdidas.

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