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Guerra do tráfico deixa pelo menos 12 mortos no Rio

Morro do Juramento teve confronto mais violento, com cinco mortos

Por Agencia Estado
Atualização:

A guerra do tráfico deixou pelo menos 12 mortos entre a madrugada de domingo e a manhã de segunda-feira em favelas do Rio. O pior confronto ocorreu no Morro do Juramento, na zona norte, onde cinco homens foram mortos durante invasão de uma quadrilha rival. No Vidigal, na zona sul, a polícia precisou da ajuda de helicóptero e de bombeiros para localizar dois corpos entre a mata que separa a favela da vizinha Rocinha. A violência no morro começou na madrugada de domingo, com dois mortos e dois feridos, durante uma festa caipira no Vidigal. Johny Anselmo do Nascimento e Nilton César da Silva de Oliveira, ambos de 19 anos, foram à festa e estavam desaparecidos desde sábado à noite. Os corpos dos jovens foram encontrados na manhã desta segunda-feira pelos próprios familiares em local de difícil acesso. Hoje, a polícia também recolheu dois cadáveres no Morro Dona Marta, na zona sul, e um no Morro do Adeus, na zona norte. Morador da Rocinha, Marcelo Generoso da Silva, pai de Johny, foi o primeiro a encontrar o corpo dos rapazes na mata. "Foi uma covardia. O que a gente vive hoje em dia é só isso, covardia", disse. Ele contou que o filho, que trabalhava como ambulante no Centro, e o amigo saíram de casa na noite de sábado em direção à festa do Vidigal. No fim da festa, na madrugada de domingo, um tiroteio entre traficantes terminou com a morte dos motoboys Marcos Vinícius Freire de Souza, de 24 anos e Helder Gonçalo Ferreira, de 18. Um outro motoboy e uma menor de 17 anos ficaram feridos. "Não sei quem atirou no meu filho. Se eu soubesse, já estava atrás. Na hora é um corre-corre, quem está na frente vai." Segundo moradores, traficantes do Comando Vermelho invadiram o Vidigal, atualmente dominado pela quadrilha da Rocinha (Amigo dos Amigos - ADA), em duas vans. Os traficantes teriam dito que eram da Mangueira, na zona norte, dominada pelo CV. A Polícia Militar, no entanto, afirmou que os indícios apontam para um desentendimento entre bandidos da mesma quadrilha. Em nota, a PM informou que não há vestígio da passagem de um número grande de pessoas pela floresta e classificou como difícil a entrada de marginais armados em vans diante das barreiras permanentes de policiais militares nos acessos da favela. O Batalhão de Operações Especiais (Bope) fez várias incursões na região. No Morro do Juramento, em Vicente de Carvalho, na zona norte da cidade, cinco morreram durante intenso confronto entre criminosos de facções rivais. Pela manhã, os corpos estavam espalhados por diferentes ruas da favela e as casas, perfuradas por balas. A polícia informou que integrantes do CV invadiram o morro para tomar os pontos de venda de drogas. A favela é controlada pela ADA. "Não temos ainda como garantir, mas a princípio o Comando Vermelho conseguiu dominar o tráfico no morro", afirmou o comandante do 9º BPM (Rocha Miranda), coronel Murilo Lira, que determinou que a favela deve permanecer ocupada. Ainda pela manhã, dois corpos foram encontrados carbonizados numa ribanceira, no Morro Dona Marta, em Botafogo, zona sul. A polícia acredita que tenha havido um acerto de contas interno do tráfico. O tenente-coronel Ricardo Quemento, comandante do batalhão do bairro, disse que o morro está tranqüilo há bastante tempo. Não tem havido conflitos porque todos as favelas próximas, à exceção do Morro Azul, no Flamengo, bairro vizinho, são controlados pela mesma facção criminosa: o Comando Vermelho (o Morro Azul é dominado pela ADA). Os corpos não haviam sido identificados até o fim da tarde desta segunda-feira. Também na manhã de hoje, policiais do 22º BPM (Benfica) encontraram o corpo de um homem sem identificação dentro do porta-malas de um Renault Clio deixado na rua Tangará, próximo ao Morro do Adeus, em Ramos. O homem, com idade aproximada de 35 anos, foi morto com tiros na cabeça e nas costas. O caso foi registrado na 21ª Delegacia de Polícia (Bonsucesso). Colaboraram Clarissa Thomé, Roberta Pennafort e Ana Cláudia Santos (especial para o Estado)

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