Guerra do tráfico deixa seis mortos no Rio

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Por Agencia Estado
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Seis pessoas foram assassinadas e três ficaram feridas na madrugada de ontem no Morro dos Macacos, em Vila Isabel, zona norte do Rio de Janeiro. Segundo a polícia, 40 homens armados de pistolas e fuzis do Morro São João, no Engenho Novo, foram os responsáveis pela chacina. A ação começou por volta de 24h30 e o tiroteio só parou às 4h30. As vítimas supostamente ligadas ao tráfico foram retiradas de dentro de suas casas pelos criminosos e executadas com tiros na cabeça. Testemunhas contaram que os assassinos chegaram atirando. Aos gritos, eles se identificaram como o "bonde do Tchaka", e disseram pertencer ao Comando Vermelho (CV) e Primeiro Comando da Capital (PCC). O tráfico no Morro dos Macacos é controlado pelo Terceiro Comando. Os corpos estavam em pontos diferentes da favela. Ao lado de um deles foi encontrada uma granada de efeito moral modelo GL-304, usada pelas Forças Armadas e pela polícia. Ao meio-dia, chegaram ao local o comandante do 6.º Batalhão da PM, coronel Ipurinan Calixto, o comandante do Policiamento da Capital, coronel Messias, e o Esquadrão Anti-bombas da Polícia Civil. Meia hora mais tarde, a granada foi detonada. Calixto disse que os assassinos chegaram ao morro com as vítimas previamente escolhidas. Para o comandante, o confronto foi uma tentativa de tomar o controle do tráfico nos Macacos. Em vários pontos da favela eles picharam muros com a inscrição CV e "Voltei". O Macacos é um dos poucos morros da região que não é controlado pelo Comando Vermelho e o traficante Tchaka já fez várias tentativas de dominar a venda de drogas do morro. "Não vai haver ocupação, mas vamos intensificar as operações", afirmou Calixto. Dezenas de policiais do 6.º BPM vasculharam o morro para encontrar os corpos. Três feridos Os mortos foram identificados como Elinton Firmo Mesquita, de 25 anos, Sidney de Oliveira Justino, de 29, Antônio Maurício Cordeiro Pereira, de 20, Marcelo Andrade de Matos, de 25, Carlos Alberto dos Santos Paiva, de 23, e Janaína dos Santos Gonçalves, de idade não divulgada pela polícia. Os três feridos foram levados para o Hospital do Andaraí. O mais grave deles foi Jorge Araújo Vieira, o Bebezão, de 40 anos, alvejado no peito. Ele foi submetido à cirurgia e está no setor de Pós-operatório do hospital. O adolescente Wilson Francisco Costa Silva, o Tartaruga, de 17 anos, foi ferido de raspão no couro cabeludo e nas mãos. Daniel Duarte da Silva, de 19 anos, fraturou a perna direita. Os dois foram liberados depois de receber o atendimento médico. A irmã de Sidney Justino, Solange, negou o envolvimento do irmão com o tráfico. "Ele trabalhava no Favela-Bairro (programa de urbanização de favelas da prefeitura). Meu irmão passava a semana trabalhando aqui, dormia na casa da minha mãe, e na sexta-feira voltava para casa, em Niterói", contou. Justino era casado e tinha dois filhos. Solange disse ainda que os assassinos arrombaram a casa da mãe para matar Justino. À tarde, foi reforçada a segurança da 20ª Delegacia de Polícia, onde funciona a carceragem feminina da Politner, que fica no pé do morro. A polícia temia uma tentativa de ataque. A chacina de ontem foi um revide do Comando Vermelho a uma ação do Terceiro Comando, ocorrida em 8 de abril. Na ocasião, 30 homens dos Macacos invadiram o Morro São João. Uma mulher grávida de seis meses passava próximo aos morros no momento da tentativa de ocupação e foi morta a tiros.

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