PUBLICIDADE

Guinada de Lula à esquerda põe reformas em risco, diz FT

Jornal afirma que Lula procura diminuir a importância de um corte de gastos

Por Agencia Estado
Atualização:

O diário financeiro britânico Financial Times diz, em sua edição desta segunda-feira, que as reformas necessárias para colocar o Brasil na rota do crescimento parecem "menos prováveis" em eventual mandato do presidente Luis Inácio Lula da Silva, se ele cumprir o discurso que tem lhe garantido vantagem eleitoral na campanha do segundo turno. Notando a impopularidade das reformas liberalizantes promovidas pelo governo tucano na segunda metade da década de 90, o jornal afirma que a campanha de Lula tem procurado diminuir a importância de se promover um corte de gastos públicos. O FT diz que o discurso mais claramente à esquerda adotado pelo candidato petista "retrata o PSDB como um partido da extrema direita contrário a todo envolvimento do Estado na economia". O sucesso desta estratégia tem exercido "pressão" eleitoral sobre Alckmin, que chegou a rejeitar a necessidade da reforma previdenciária, interpreta o Financial Times. "Isto é uma heresia para a maioria dos economistas. O perigo de uma vitória retumbante de Lula, na visão dos que defendem a ortodoxia, é que as tão necessárias reformas fiquem mais distantes, deixando o Brasil com poucas chances de crescer além da média anual de 2,5% dos últimos 15 anos." O jornal britânico afirma que o eleitor brasileiro - que surpreendeu ao levar as eleições para a segunda rodada - está prestes a dar outro "choque" no dia 29 de outubro: dar a Lula uma "vitória esmagadora" sobre Geraldo Alckmin. ´Luta de classes´ O "discurso radical" por trás do crescimento de Lula nas pesquisas também foi destaque de uma matéria do jornal argentino Clarín. A reportagem do diário acompanhou um comício do candidato em Cidade Tiradentes, na periferia de São Paulo, no qual o candidato petista "enfatizou a luta de classes" da política brasileira, e retratou Geraldo Alckmin como "parte do ´pólo contrário´ aos interesses populares". "Em Cidade Tiradentes, onde o que abunda é o pobre, as cartas já estão dadas. Ali, os votos vão para Lula", diz o Clarín. "Falta ver o que acontece com a classe média paulista, que está menos definida que no primeiro turno, e no próximo domingo pode apoiar Lula, apesar das denúncias cotidianas de corrupção contra ele." ´Golpismo´ O espanhol El País traz uma entrevista com o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, que diz que existe no Brasil um "golpismo de natureza política, não militar" para evitar que o presidente Lula seja reeleito. "Tememos que se articule um trama parecida com a de 1989", ele afirmou, segundo o jornal. "Mas sabemos que uma grande parte da oposição não faz essa opção", ressaltou. O ministro afirmou que, ao "tentar deslegitimar" Lula, um dos principais caciques do PSDB, Fernando Henrique Cardoso, "não se comporta como ex-presidente". Tarso Genro disse ainda que "em relação ao PT, a operação limpeza está em curso, e vai se aprofundar".

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.