27 de maio de 2014 | 19h50
Para entender o desespero do tráfico vamos trazer dados recentes. Na lógica de qualquer mercado, se o produto é escasso, o preço sobe. Informações das inteligências policiais mostram que o preço de um fuzil subiu no mercado negro. Dados da Polícia Civil apontam prisões de traficantes praticando outras modalidades criminosas, como o roubo de carros. E há indicativos que a mobilidade das quadrilhas já não ocorre com tanta facilidade.
Antes de pensarmos em UPPs, em dezembro de 2006, criminosos atacaram policiais, viaturas e tudo que pudesse representar o poder do Estado. O Rio de Janeiro estava entregue ao descrédito. Em 2007, assumimos nossos cargos e encontramos um cenário de ceticismo entre as autoridades policiais.
Nessa época, entendia-se que a única forma de atuação era a operação policial. Armas e drogas eram apreendidas e se observava vidas perdidas de policiais, criminosos, inocentes e a reposição rápida das armas, das drogas e dos criminosos. Ninguém acreditava que algo poderia ser feito, mas tínhamos que tentar. Queríamos transformar o Rio de Janeiro em um estado mais tranquilo e surgiu a ideia de tirar dos criminosos algo que ainda não tinha sido tocado, o território. Em 2008 fizemos um piloto no Morro Dona Marta, em Botafogo. O impacto foi imediato. Nós começamos a fazer um planejamento de expansão da estratégia. Isso foi feito e para onde vamos o resultado é positivo.
Dados na área de saúde apontam decréscimo no número de baleados nos hospitais. O comércio floresce e as matrículas nas escolas crescem nas comunidades pacificadas. A pacificação vai além da UPP. Contribuímos com a segurança, mas o Estado, a União e os municípios têm que fazer o seu papel. O cenário ainda é complexo em função do número de favelas e a presença do tráfico. Mas a estratégia UPP é uma porta para a cidadania.
JOSÉ MARIANO BELTRAME É SECRETÁRIO DE SEGURANÇA DO RIO DE JANEIRO
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