Helicentro pode estar funcionando sem alvará em SP

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Por Agencia Estado
Atualização:

O Helicidade, localizado na zona oeste de São Paulo, continua a gerar polêmica antes de ser oficialmente inaugurado. Vizinhos afirmam que o empreendimento começou a funcionar no mês passado, com pousos e decolagens de helicópteros. O problema é que a Administração Regional da Lapa ainda não emitiu o alvará de funcionamento, documento necessário para as operações. Sem isso, a atividade é irregular. Os donos do Helicidade dizem que a movimentação de helicópteros vista pelos vizinhos diz respeito a vôos feitos para medição de ruídos e para a gravação de vídeo institucional. O administrador regional da Lapa, Adauto Durigan, informado sobre o que dizem os vizinhos, afirmou que "qualquer tipo de funcionamento sem alvará é irregular". Fiscalização Segundo ele, isso vale até para gravação de vídeo e medição de ruídos. "A não ser que eles provem que têm alguma autorização. Daqui não saiu nada." Durigan disse que aguardaria a publicação do que dizem os vizinhos para mandar a fiscalização ao Helicidade. "Se for comprovado o fato, a gente aplica uma multa." Ele não soube dizer o valor da multa. A pilotagem de helicópteros é um mercado restrito e, normalmente, os profissionais da área se conhecem e têm informações sobre os empreendimentos. No Campo de Marte, três funcionários de hangares diferentes, pedindo para não ser identificados, reforçaram a constatação dos vizinhos do helicentro, afirmando que ele está em funcionamento comercial. ?Pousos ocasionais? Destes funcionários, dois são mecânicos. Um deles esteve recentemente no Helicidade, para fazer serviços de manutenção. "Está funcionando, são mais de dez helicópteros estacionados em hangares." Outro funcionário informou que, há um mês, um helicóptero que estava num hangar do Campo de Marte foi para o Helicidade. "Há pilotos fazendo pousos ocasionais, com certeza", afirmou um piloto. "Está baixando todo dia helicóptero aí, esconder pra quê?", disse o ajudante-geral José Moraes Neto, de 27 anos, que mora a 500 metros do Helicidade. "Eu vejo direto", disse a comerciante Maria da Silva, de 34 anos. Os frentistas Osmar Costa Lins, de 26 anos, e Hermi Machado de Oliveira, de 35 anos, que trabalham na Avenida Jaguaré, estão entre os que confirmam o movimento de vôos. "Dez a doze helicópteros pousam por dia aí", disse Oliveira. "São pelo menos dois helicópteros por hora", afirmou Lins. Passageiros O motorista Wilson Gomes, de 51 anos, que trabalha numa empresa vizinha, também disse ter notado pousos e decolagens há duas semanas. Um taxista, que não se identificou, disse que há 25 dias tem ido ao Helicidade para pegar passageiros. Além disso, um funcionário do Helicidade, sem se identificar, disse que a unidade está em operação há, pelo menos, dois meses. O empreendimento deveria começar a funcionar no fim de 2001. Por problemas de documentação, pelo menos três previsões de início de funcionamento foram adiadas. A direção do Helicidade providenciou os documentos exigidos pela Prefeitura, o que inclui licença ambiental. Mas a autorização oficial para funcionamento ainda exige o alvará. Desde novembro do ano passado, 46 funcionários aguardam a autorização oficial de funcionamento. É o que diz o diretor-executivo da Sattin Administração e Participações, empresa responsável pelo helicentro, Reinaldo da Costa. Ele admitiu que houve movimentação de vôos no Helicidade, mas que isso foi feito para medição de ruídos e gravação de um vídeo institucional. Além disso, segundo ele, o Helicidade tem recebido a visita de pilotos interessados em conhecer o local. "Eu não posso impedir que o cara desça aqui", disse, referindo-se aos visitantes, e acrescentou que tem dito que o helicentro ainda não está funcionando oficialmente. "Têm ocorrido algumas operações, eu tenho explicado isso para a regional, o pessoal tem entendido." ?Fantasia? Costa acha que os vizinhos estão se confundindo com a rota de helicópteros da Marginal do Pinheiros. Ele acrescentou que o movimento de táxis é para atender os funcionários. O publicitário Nelson Biondi, um dos diretores da Sattin, classificou como "fantasia" as afirmações dos vizinhos. Costa afirmou que o helicentro é homologado para operações pela Aeronáutica desde novembro de 2001.

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