Holambra tem 1º caso de latrocínio em 17 anos

Rapaz foi morto a tiros e teve moto roubada; crime chocou cidade de 10 mil habitantes, emancipada em 1991

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Por Tatiana Favaro e HOLAMBRA
Atualização:

A Polícia Civil de Holambra (a 125 quilômetros de São Paulo) investiga o primeiro caso de latrocínio ocorrido desde que o município foi emancipado por meio de plebiscito, em 27 de outubro de 1991. O caso chocou a cidade de 10 mil habitantes, localizada a 35 quilômetros de Campinas. O auxiliar de produção Leandro Carvalho de Alcântara, de 20 anos, foi morto na noite do último sábado, na frente da casa do amigo Lucas de Oliveira Domingos, de 17 anos, no centro da cidade. O homem que acertou três tiros no rapaz levou a moto na qual a vítima estava, uma Honda CG 150 ESD, e contava com a ajuda de um comparsa, em outra motocicleta. Ninguém havia sido preso até o fim da tarde de ontem. De acordo com o delegado Marcelo Gradinetti Adelino, a polícia suspeita que os homens que atacaram Alcântara sejam de algum município vizinho. "A cidade não tem porte para esse tipo de crime. Claro que não descartamos nenhuma possibilidade até o término das investigações, mas a principal linha é de que sejam pessoas de alguma cidade vizinha, como Jaguariúna, Santo Antônio de Posse, Cosmópolis e Artur Nogueira", disse. "Holambra não é um principado, mas é uma cidade muito tranquila." O único homicídio registrado em Holambra desde sua emancipação aconteceu em 2002. Segundo dados da Polícia Civil, dois roubos foram registrados em 2008. "Isso levando em conta que a cidade recebe cerca de 300 mil visitantes por ano", afirmou o delegado. Os registros mais comuns na delegacia são de acidentes de carro e estelionato. "Somos uma ilha. Quer dizer, éramos. Vamos ter de repensar a estratégia de policiamento com a prefeitura e com a Polícia Militar", afirmou o delegado. Cerca de 300 pessoas compareceram ao enterro de Alcântara, no fim da tarde de domingo, no Cemitério Municipal de Holambra. "O pai está desesperado. A mãe, arrasada. Eu, à base de calmantes. Nunca tinha visto nada igual", afirmou a avó paterna da vítima, Zulmira Alves Jardim Alcântara. No sábado, antes de sair para ver os amigos, o neto esteve com a avó. "Ele sempre foi muito educado e atencioso. No sábado, se ofereceu para me levar embora da casa dele, eu disse que não precisava. Antes de sair ele me disse que estava se preparando para entrar numa faculdade, porque queria ser alguém na vida. Minutos depois, estava morto." O pai da vítima, Orlando Alves de Alcântara, passou a terça-feira em Jaguariúna e a mãe, Neusa Maria de Carvalho Alcântara, na casa de uma irmã, segundo Zulmira. "Eles estão revoltados." O crime aconteceu por volta das 21h40. Alcântara estava na Praça dos Coqueiros, com um grupo de amigos, quando uma das cordas do violão do colega Lucas Domingos estourou. Os dois foram até a casa de Domingos, com a moto emprestada de um outro amigo que estava na praça. Alcântara não entrou na casa do colega. Segundo o investigador Waldir Silva, uma testemunha disse ter visto dois homens em uma moto seguir a motocicleta em que estavam os dois colegas. A mãe de Domingos, Joseli Bernardes de Oliveira, e o padrasto, Alcides Apolinário, ouviram os disparos. "Ouvi os estampidos e achei que fosse tiro de espoleta. Quando ia ver o que era, meu marido gritou: fecha a porta que é assalto. Ouvimos Leandro pedir por socorro, chamei a polícia e a ambulância. Meu filho queria ver se o amigo estava bem, mas quando saímos o Leandro já estava agonizando", conta Joseli, emocionada. O rapaz morreu a caminho do Pronto Socorro Municipal. A polícia ouviu ao menos oito testemunhas, mas ainda não tem o retrato falado nem pistas dos suspeitos. FRASES Marcelo Gradinetti Adelino Delegado de Holambra "Holambra não tem porte para esse tipo de crime. Não é um principado, mas é uma cidade muito tranquila" "Somos uma ilha. Quer dizer, éramos. Vamos ter de repensar a estratégia de policiamento" Joseli Bernardes de OLiveira Testemunha "Ouvi o estampido e achei que fosse tiro de espoleta. Meu marido gritou: é assalto"

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