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Homem que socorreu vítimas de ataque em São Luís tem alta

Após 14 cirurgias para minimizar lesões causadas pelas chamas que o atingiram, Márcio Ronny da Cruz virou referência pelo gesto heroico

Por Marília Assunção
Atualização:

GOIÂNIA - Após a última consulta médica em Goiânia, no final da tarde desta sexta-feira, 11, o entregador de frangos vivos Márcio Ronny da Cruz, 37 anos, está pronto para retornar para São Luís do Maranhão. Cruz sabe que sua vida não será mais a mesma. Após 14 cirurgias para minimizar lesões causadas pelas chamas que o atingiram quando salvava pessoas em São Luís, o trabalhador virou referência pelo gesto heroico.

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Em entrevista ao Estado na tarde desta sexta-feira, 11, Cruz falou da saudade que sente dos cinco filhos - e sabe que o sentimento é recíproco. Desde que sofreu as queimaduras, fruto de um ataque criminoso comandado de dentro de presídios maranhenses, em 3 de janeiro, ele não vê as crianças, três meninas e dois meninos.

"Na hora não pensei duas vezes. Ouvi os gritos, apaguei o fogo do meu corpo (com água de uma poça de lama) e retornei ao ônibus. Não tenho arrependimento nenhum. Espero que sirva de exemplo", contou.

Para ele, a Justiça tem de agir contra os criminosos que comandaram os ataques, causando incêndios em ônibus como o que estava Cruz e mais cinco pessoas. "Espero que façam o correto sobre quem comandou tudo aquilo", diz o homem que ajudou a resgatar três pessoas em chamas.

Vítimas. Entre as vítimas em São Luís estavam a menina Ana Clara Santos Souza, de 6 anos, a quem o trabalhador se abraçou para abafar o fogo. Com 90% do corpo queimado, a criança não resistiu e morreu. As outras vítimas foram a mãe e uma irmã de Ana Clara. Cruz sofreu queimaduras em 72% do corpo. Ele foi transferido para Goiânia, onde há centros de referência no atendimento a queimados.

Ainda se restabelecendo, Cruz usa roupas especiais que cobrem o corpo todo. Nesta semana, ele visitou o Hospital Geral de Goiânia, primeiro lugar para onde foi levado - e onde foi submetido a três cirurgias. Queria agradecer as equipes de médicos e enfermeiros da unidade pública. Na ocasião, a irmã dele, Assunção da Cruz Nunes, educadora religiosa, agradeceu a acolhida.

A família aguarda que o governo do Maranhão envie as passagens aéreas para que Cruz possa retornar a São Luís neste final de semana. Ele terá de retornar para Goiânia uma vez por mês para a manutenção do tratamento. A sobrevivência do trabalhador, da mulher e dos cinco filhos também dependerá do governo do Maranhão. Cruz precisa de pelo menos oito meses de repouso, conforme orientação médica. "Vivemos do meu trabalho."

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