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Homeopatia distribuída para combater a dengue é proibida

Segundo Vigilância Sanitária, produto está sendo distribuído sem receita pela prefeitura de São José do Rio Preto, uma das cidades afetadas pela epidemia

Por Agencia Estado
Atualização:

A Vigilância Sanitária do Estado apreenderá nesta quarta-feira, 28, o complexo homeopático contra dengue distribuído nos postos de saúde de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, uma das cidades mais afetadas pela epidemia da doença. O produto distribuído nas 23 unidades de saúde da cidade, desde o dia 15 de março, será recolhido pelos técnicos da Secretaria Estadual da Saúde. A diretora da Vigilância, Maria Cristina Megid, afirma que o produto é oferecido à população indiscriminadamente, inclusive para quem não tem sintomas da doença. ?As pessoas acreditam estar protegidas com o medicamento, quando não há nenhuma comprovação de sua eficácia, e acabam se descuidando?, disse a diretora. ?A população precisa saber que ainda não existe remédio contra a dengue.? Segundo Megid, o complexo homeopático, chamado Eupatorium, não tem registro no Ministério da Saúde e pode causar danos à saúde da população. A distribuição também contraria as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que proíbem que uma mesma fórmula homeopática seja oferecida em larga escala. Amostras do produto foram enviadas ao Instituto Adolfo Lutz para análise. Nos últimos dez dias, 19.440 pessoas tomaram o medicamento. A Vigilância Sanitária identificou a distribuição de Eupatorium também nos municípios de Birigüi e Ubatuba. A Secretaria estima que, ao todo, pelo menos 30 mil pessoas já usaram o medicamento. As farmácias que produzem o complexo foram autuadas. Irregularidade Segundo Megid, a Prefeitura de São José do Rio Preto já havia sido comunicada da irregularidade e chegou a emitir uma portaria, restringindo a distribuição do medicamento à prescrição médica. ?Mas isso não foi cumprido até agora?, comentou. O secretário municipal de saúde Arnaldo Almendros Mello disse na noite de terça que não havia sido notificado oficialmente pela Vigilância Estadual. ?Se a ação do Estado se consolidar, será uma agressão contra o SUS. Não admito esse tipo de intervenção?, disse. O secretário garante que, desde segunda-feira, só pacientes com sintomas têm acesso ao medicamento. ?A procura foi grande e temíamos que as pessoas descuidassem n a prevenção.? Ele disse também que entrou em contato com a Anvisa e não houve impedimentos para o tratamento. Mello garante que a fórmula é eficaz e foi desenvolvida com seriedade. ?Só que o remédio é muito barato e pode incomodar interesses alheios.? A dose custa R$ 0,01 para o município. O Eupatorium foi desenvolvido na Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, sob a responsabilidade do homeopata Renan Marino. Segundo ele, a fórmula já foi usada por médicos cubanos para combater uma epidemia em Havana. Marino acredita na possibilidade de motivação política na ação da Secretaria de Saúde. ?A negociação da patente da vacina da dengue com os Estados Unidos pode estar por trás dessa decisão?, disse. Segundo ele, foram produzidos 50 frascos, que rendem 100 mil doses do medicamento, o que não caracterizaria produção em larga escala. Só neste ano, Rio Preto registrou 867 casos de dengue. Em 2006, foram 12 mil.

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