Hosmany anuncia nova fuga da prisão

Cirurgião plástico, preso há 27 anos, diz que atitude é ?protesto?

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Por Redação
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O cirurgião plástico, escritor e presidiário Hosmany Ramos, de 61 anos, convocou jornalistas para anunciar, hoje, que "provavelmente" não voltará à cadeia após o fim da saída temporária de Natal e ano-novo. Na ocasião, segundo comunicado enviado por um assessor de imprensa, vai "denunciar a corrupção do sistema carcerário". A fuga anunciada seria um protesto contra as más condições da prisão e envolveria o medo de ser morto após as denúncias. A nota enviada à imprensa ontem informa que Hosmany estaria "consciente do radicalismo de sua decisão", mas considera que a "Penitenciária de Valparaíso (onde está preso em regime semiaberto) é um verdadeiro inferno", onde não consegue "ler e escrever". A entrevista foi marcada no Hotel Mercure, às 10 horas, mas até a noite de ontem não havia reserva, segundo funcionários do local. Preso em novembro de 1981, Hosmany foi condenado a 53 anos de prisão pelo assassinato de dois cúmplices - o piloto Joel Avon e o estelionatário Firmiano Angel -, por roubo de aviões e contrabando de carros importados. Era, então, um cirurgião plástico bem-sucedido, assistente de Ivo Pitanguy. De acordo com a nota enviada por seu suposto assessor, "era um médico famoso e intelectual refinado, quando, de repente, por razão que nem ele mesmo consegue explicar, viu-se do outro lado da lei". A provável fuga não seria a primeira. Nos 27 anos em que está preso, ganhou fama por suas escapadas mirabolantes. Seu maior feito foi fugir do Presídio de Segurança Máxima de Taubaté, o que poucos conseguiram. No Dia das Mães de 1996, Hosmany saiu do Instituto Penal Agrícola de Bauru e não voltou. Na época, disse que iria fazer um curso de explosivos no Exército Republicano Irlandês (IRA), na Irlanda do Norte. Um mês depois, foi baleado e preso em Campinas. Ele participara do sequestro do fazendeiro Ricardo Rennó, de Minas. Foi condenado a mais 30 anos. Nascido em Jacinto, Minas Gerais, Hosmany frequentava colunas sociais do Rio na década de 70. Quando foi preso, namorava a jornalista Marisa Raja Gabaglia. Um ano depois, ela escreveu Meu Amor Bandido, contando o romance dos dois. Na prisão, Hosmany publicou oito livros. Agora, o assessor afirma que Hosmany se prepara para lançar suas memórias. A nota informa ainda que ele pretende viver na Noruega.

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