Hotéis querem indenização por perdas com apagão aéreo

Presidente de associação reconhece que crise não afetou rede hoteleira carioca

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Por Agencia Estado
Atualização:

A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro (Abih-RJ) está cobrando do governo federal uma indenização pelas perdas ocorridas com o "apagão" aéreo. Na Ação Civil Pública distribuída dia 19 à 26ª Vara Civil Federal do Rio, o advogado da associação, Paulo Henrique Barros Bergqvist, não estipula nenhum valor, mas cobra uma indenização para financiar uma campanha publicitária no exterior, forma de melhorar a imagem da cidade depois da crise. Apesar de a ação ter como base o "apagão" que vem afetando o tráfego áereo nacional há quase dois meses, o presidente da Abih-RJ, Alfredo Lopes, reconhece que o problema não afetou tanto a rede hoteleira carioca. Para ele, o fluxo de turistas estrangeiros para o Rio de Janeiro foi muito mais atingido pela redução dos vôos internacionais por causa da crise da Varig. Ao mesmo tempo em que vagas da rede hoteleira deixaram de ser usadas por turistas estrangeiros, elas estão sendo ocupadas por turistas de estados vizinhos ao Rio. Estes, com os problemas do tráfego aéreo, deixaram de lado viagens mais longas, ou mesmo o uso dos aviões, optando pelo réveillon na cidade, onde podem chegar de carro ou de ônibus. Hotéis da Barra da Tijuca, na zona oeste, por exemplo, que em 31 de dezembro de 2005 tiveram ocupadas 91% de suas acomodações, no último dia 27 (terça-feira) estavam com 92,91% de suas acomodações alugadas. A Barra é um bairro escolhido mais pelos turistas internos. Já Copacabana, zona sul, local da famosa queima de fogos, recebe tradicionalmente os turistas estrangeiros. Os hotéis de Copacabana, na terça-feira, estavam com 88% de seus apartamentos sendo usados. Em dezembro de 2005, a ocupação foi de 99%. Lopes acredita que a ocupação dos hotéis de Copacabana ainda aumentará com o turismo interno. Com isto, reconhece que a crise no tráfego aéreo - agora atingido pelo "overbooking" (venda de passagens acima da capacidade dos aviões) - pode beneficiar a rede hoteleira carioca, que corria riscos com a redução de vôos internacionais da Varig : "Só para Buenos Aires ela fazia quatro vôos semanais, hoje tem apenas um", lembra. Mas tanto Lopes como o advogado Bergqvist defendem a ação judicial contra a União por ela ser responsável tanto pelo problema dos controladores de vôos, que provocaram o "apagão" aéreo, como pela fiscalização das empresas aéreas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). "A irresponsabilidade da administração pública no tráfego aéreo causou dano à imagem da cidade", afirma Bergqvist. "Com esta ação, queremos chamar a atenção que esta crise não causa apenas problema de ordem financeira, mas um prejuízo da imagem da cidade que é a maior receptora de turistas estrangeiros", insiste Lopes. Na ação Bergqvist não fala em valores, deixando para o juízo estipular a indenização. Mas, Lopes arrisca um cálculo. Segundo diz, no apagão aéreo, a rede hoteleira teve prejuízo em torno de R$ 800 mil diários. "Como foram quase dois meses, seriam R$ 48 milhões. Mas devemos reconhecer que a crise não foi igual todos os dias, assim calculamos que o justo seriam R$ 30 milhões". Este é o valor que ele quer que a Justiça obrigue o governo a investir em publicidade do Rio no exterior.

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