Identidades de 33 mortos pela polícia ainda são desconhecidas

Ministério Público Estadual (MPE) só recebeu do Instituto Médico-Legal (IML) 47 dos 123 laudos necroscópicos desses casos - 38% do total

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Duas semanas depois do fim dos ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC), ainda são desconhecidas as identidades de 33 pessoas mortas pela polícia no Estado. Responsável pela divulgação dos nomes que a Secretaria da Segurança Pública se recusou a tornar públicos, o Ministério Público Estadual (MPE) só recebeu do Instituto Médico-Legal (IML) 47 dos 123 laudos necroscópicos desses casos - 38% do total. O resultado dos exames é fundamental para a investigação das mortes relacionadas à guerra do PCC. O MPE está atrás dos inquéritos policiais e quer verificar a existência de testemunhas nesses casos que confirmem ou não a versão de tiroteio apresentada pelos policiais civis e militares. No caso das mortes ocorridas em Guarulhos, na Grande São Paulo, a Procuradoria Geral de Justiça designou o promotor Marcelo Alexandre de Oliveira para acompanhar a investigação dos casos, inclusive dos homicídios ocorridos na cidade com característica de execução praticada por grupo de extermínio - há a suspeita de participação de policiais nesses crimes. No caso dos 42 agentes públicos e dos quatro civis mortos pela facção criminosa, o MPE tem apenas 16 laudos. Faltam informações das unidades do IML da Grande São Paulo e do interior do Estado. "O Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial (Gecep) vai mandar ofício à Superintendência da Polícia Científica, responsável pelos IMLs para requisitar as informações que faltam", disse o assessor da Procuradoria-Geral de Justiça, Neudival Mascarenhas. A expectativa é que o material chegue às mãos dos promotores durante a semana que vem. O início da investigação dos crimes depende do confronto entre os boletins de ocorrência e os laudos. O MPE tem os BOs de quase todos os casos - parte enviada pela SSP, parte obtida no Infocrim, o sistema de informações criminais da polícia. Os que faltam são casos que a secretaria não mandou de cidades que não estão interligadas ao Infocrim. Cálculos parciais do MPE indicam que os civis foram mortos em média com 3 tiros e os policiais, com 9, em média. Segundo Mascarenhas, ainda não é possível fazer uma análise do material, porque faltam muitas informações. Na terça, a Defensoria Pública divulgou estudo sobre 28 casos de pessoas mortas pela polícia na cidade de São Paulo no qual constatava que em 20 casos os tiros haviam sido disparados de cima para baixo. Havia ainda vítimas com tiros que atingiram as costas e a nuca, sinais que podem indicar uma execução. A Secretaria da Segurança informou que todos os casos estão sendo investigados em inquéritos policiais.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.